Curso:
- MPGC
Área de conhecimento:
- Sustentabilidade
Autor(es):
- Delfim José Leite Rocha
Orientador:
Ano:
A relevância da geração hidrelétrica para a confiabilidade e a segurança da matriz energética brasileira é inegável. No entanto, muitos são os estudos, projetos, implantação e ou operação de empreendimentos retardados ou interrompidos por conflitos com diversos stakeholders. Nesse contexto, esta pesquisa identifica e avalia estratégias de empreendedores do setor para gestão de partes interessadas ao longo das diferentes etapas dos projetos, visando antecipar e minimizar riscos para os acionistas. Toma-se, para tal, o estudo de caso da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, em operação desde o início de 2012 no Rio Madeira, estado de Rondônia, na Região Amazônica. Para a análise, são considerados conceitos, variáveis de influência e modelos da Licença Social para Operar (LSO). A LSO representa a manifestação da aceitação de um empreendimento pela comunidade. Embora, venha sendo incorporada rapidamente no discurso de empreendedores, agentes sociais e instituições financiadoras sobre sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, esta tendência ainda não é apreendida pelo setor hidrelétrico. Uma ampla análise documental, avaliada vis a vis entrevistas junto a diversos stakeholders, leva à conclusão que um nível elevado de LSO, pautado pela confiança do público em geral, pode ser alcançado combinando-se estratégias de gestão que gerem expectativas significativa de benefícios econômicos individuais e para a sociedade; usem práticas de participação social para envolver o público atingido nas decisões sobre medidas e ações mitigadoras e compensatórias; e se apropriem de recursos humanos locais para facilitar a mobilização das comunidades. No entanto, manter a LSO torna-se altamente instável se as essas expectativas não são atendidas a contento, altera-se a qualidade do diálogo e não se consegue construir capital social junto à população atingida. Nesse cenário, a LSO passa a se fiar apenas na permanência de benefícios individualizados, sem que o empreendedor consiga apoio junto às comunidades em situações que possam colocar em risco sua credibilidade, como a cheia de 2014 na bacia do rio Madeira. Adicionalmente, apresenta-se considerações para a gestão de stakeholders envolvendo a busca por parcerias e apoios diversos ao projeto; os riscos de se postergar estudos e avaliações técnicas de detalhe em prol de uma agilização do licenciamento; a efetivação e a continuidade de ações de participação social, e a relevância estratégica de se colaborar para a real sustentabilidade do território. Também são feitas contribuições para a modelagem da LSO e o planejamento, implantação, monitoramento e avaliação crítica de sistemas de gestão de stakeholders, restritas às limitações técnicas de um estudo de caso único.