Concepção dos Líderes Hospitalares acerca das Limitações para Implantação do Modelo de Remuneração Baseado em Valor

Curso: 

  • MPGC

Área de conhecimento: 

  • Gestão da Saúde

Autor(es): 

  • Flavia Gomes Francisquini

Orientador: 

Ano: 

2020

O aumento crescente de despesas do sistema de saúde suplementar e as queixas relativas à qualidade da assistência à saúde fomentaram a reflexão quanto às fragilidades do setor e possíveis soluções para reverter o quadro atual. Dentre as principais discussões no mercado de saúde e literatura, destaca-se a importância da implantação de estratégias para a modificação do modelo de remuneração que é utilizado atualmente (remuneração por serviço ou fee-for-service). Neste sentido, pretende-se estimular que o sistema de pagamento seja baseado em valor (fee-for-value), contribuindo para um cenário onde haja incentivos para melhores desfechos clínicos e os prestadores sejam recompensados pelos resultados e não mais por tabela de serviços. Observa-se que a adesão a esse processo de modificação se tornou uma tendência do setor, contudo, no Brasil, essa movimentação tem sido lenta. Nesse contexto, a questão central deste trabalho pauta-se em entender: Quais fatores contribuem para a baixa adesão ao processo de implantação do modelo de pagamento fee-for-value em hospitais brasileiros? Para isso, foram descritas e analisadas a concepção dos líderes de instituições hospitalares acerca das limitações para implantação do modelo de remuneração fee-for-value. Optou-se por utilizar uma abordagem qualitativa, com natureza aplicada descritivo-exploratória, por meio de uma amostra não probabilística ou intencional, na qual a autora se dirigiu intencionalmente a um grupo do qual desejava saber a opinião. Foram realizadas entrevistas com líderes da área hospitalar, que posteriormente foram transcritas e analisadas por meio de um conjunto de técnicas de análise de conteúdo, conforme o modelo proposto por Bardin (2011). Os resultados encontrados sugerem que os entrevistados entendem que há a necessidade de mudança do conceito do modelo fee-for-service, e compreendem os motivos que levam a essa necessidade, além de terem uma percepção positiva quanto ao fee-forvalue. Entretanto, constataram-se fragilidades quanto ao conhecimento do conceito do modelo de pagamento baseado em valor e a implantação de práticas baseadas em valor (mensuração e divulgação dos desfechos e serviços vinculados a Unidade de Prática Integrada-UPI). Os entrevistados consideraram como principais necessidades: a participação de todos os envolvidos no sistema de saúde e o apoio das operadoras de saúde no processo de mudança do modelo de pagamento. Como fator impeditivo foram mencionados: a não mudança de cultura de todos os envolvidos, a falta de apoio das operadoras de saúde e a falta de conhecimento dos profissionais sobre o conceito do modelo. Em conclusão, infere-se que os hospitais e os profissionais não parecem entender que já há maturidade para lidar com o processo de implantação do fee-for-value. Nesse contexto, entende-se que a fragilidade quanto ao conhecimento dos líderes e profissionais é um fator crítico que pode inviabilizar o processo de implantação do modelo. Portanto, acredita-se que por meio do conhecimento será possível transformar a cultura, desenvolver estratégias voltadas para as práticas que geram valor ao paciente e possam em paralelo superar os riscos advindos do processo, e por fim definir e obter os recursos necessários para a viabilização da implantação do modelo. Desse modo, a autora sugere haver um papel relevante da implantação de práticas que disseminem os conceitos do modelo fee-for-value nos ambientes de saúde investigados no trabalho.

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