"Aqui a Pedra tem Vida": um estudo sobre o artesão da pedra sabão

Curso: 

  • CDAE

Área de conhecimento: 

  • Estudos Organizacionais

Autor(es): 

  • Tays Torres Ribeiro das Chagas

Orientador: 

Ano: 

2018

Esse trabalho apresenta um estudo sobre a atividade artesanal em Pedra Sabão do distrito de Santa Rita, pertencente à cidade de Ouro Preto, o qual possui como acervo cultural dentre outras coisas, os produtos artesanais.A escolha do trabalho artesanal em Pedra Sabão se deve ao fato dos produtos a ela relacionados possuírem maior expressividade social e econômica, além de ser uma manifestação cultural secular na região. Esses produtos são fabricados mediante o trabalho familiar, o qual acontece nas oficinas situadas nos quintais das casas. Nesses espaços observa-se que a penosidade, a insalubridade e a precarização das condições de trabalho se fazem presentes, além dos problemas econômicos relacionados com o alto custo da matéria prima e das dificuldades de venda dos artefatos produzidos. Assim, o que norteou as idas a campo foi buscar entender, mediante os obstáculos vivenciados pelos artesãos, o movimento de saída e retorno para a localidade e para os trabalhos com a Pedra, que acontece periodicamente com eles, e, portanto, compreender se é uma escolha, por parte de cada um, perpetuar nas atividades artesanais em Pedra Sabão. Percebeu-se, a partir dos códigos encontrados, que a relação existente entre os artesãos, o ofício e a Pedra transcende as dificuldades atreladas ao trabalho artesanal. Foi possível notar que a percepção dessas dificuldades é amenizada pela presença de outros fatores considerados importantes para eles, tais como, a identidade, a gratidão e o prazer na atividade. Dessa forma, através da teoria fundamentada nos dados, identificou-se o processo de aprendizagem da atividade artesanal, o qual acontece desde a infância dos artesãos, como fator central para a consolidação dessas relações e, então, para o sentimento de pertencimento à localidade, ao ofício e à própria Pedra. São nos núcleos familiares, considerados a primeira comunidade de prática de cada um deles, que os saberes, as habilidades, a criatividade e, portanto, a identidade se constroem e se consolidam, transformando o jovem aprendiz em artesão e criando uma trama, na qual essas relações se concretizam, sendo esse um trabalho permeado de satisfação e orgulho por perpetuarem um saber fazer secular, que foi aprendido com seus antepassados. É nesse núcleo familiar, nesse contato, no olhar sobre o trabalho do outro, nas histórias contatadas e vividas e num processo geracional permanente de troca de saberes que nasce o artesão e o desejo de imortalizar não somente a si mesmo nas obras produzidas, mas toda uma geração familiar que nasceu e viveu da Pedra e para a Pedra. Assim, permanecer na atividade artesanal em pedra Sabão é uma escolha, eles desejam estar no trabalho artesanal, em contato com a Pedra e com tudo que ela lhes proporciona. A pesquisa possibilitou a narrativa, pelos próprios artesãos, do seu universo de trabalho, sensibilizando tanto o nosso olhar para a compreensão desse ofício, quanto de cada um deles para a importância do que fazem, além promover mudanças significativas no agir da própria coletividade.

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