“Aqui, Menina Não Entra!”: a influência dos estereótipos de gênero a escolha da alta liderança

Curso: 

  • CDAE

Área de conhecimento: 

  • Estudos Organizacionais

Autor(es): 

  • Karen Spencer Mota

Orientador: 

Ano: 

2021

 

O número de mulheres na alta liderança no Brasil não ultrapassa 13,5% e o questionamento é por que esse índice continua sendo tão inexpressivo, apesar de toda a crescente preocupação com a equidade de gênero nos meios acadêmico, social e organizacional. Pesquisas acadêmicas apontam que uma das principais causas desta desigualdade de gênero nas posições executivas se refere aos vieses de julgamento, fruto de estereótipos de gênero arraigados na sociedade. Para tanto, esta tese tem como objetivo compreender a influência dos estereótipos de gênero na escolha da nova liderança. Tal objetivo revela uma importante lacuna teórica no tema, que trata sobre a necessidade de pesquisas empíricas de cunho qualitativo que mostrem como esse processo acontece na dinâmica organizacional. A referência teórica que sustenta este trabalho usa como base a Psicologia Social e seu entendimento sobre o impacto do papel social e de estereótipos na organização. A tese é um estudo de caso único em uma grande organização de serviços profissionais, e contou com: 30 horas de observações em 10 reuniões de performance (686 profissionais avaliados), 80 entrevistas com gestores(as) da alta liderança e análise documental. Esta pesquisa foi estruturada a partir de uma abordagem qualitativa e utilizou o método da Análise Temática para sua investigação e entendimento do tema. O estudo confirmou a influência dos estereótipos de gênero na escolha da nova liderança, ao entender a dinâmica do processo seletivo. A pesquisa mostrou que os executivos escolhem seus pares a partir de características autodefinidas e pertencentes ao estereótipo masculino. Homens e mulheres, independentemente da categoria funcional, atribuem as características de controle emocional e autoconfiança como almejadas para a posição executiva, comportamentos esses identificados nos homens, e não associados às mulheres, vistas como descontroladas emocionalmente, conflitivas e frágeis. Entendendo que líder é homem, quando ocorre a incongruência desses estereótipos na liderança, é gerado o preconceito contra as mulheres, impactando em sua carreira, autoconfiança e na resiliência para lidarem com os desafios da conciliação de uma carreira executiva e suas demandas familiares. A desigualdade entre os gêneros na organização é vista como um problema social, restringindo a reflexão sobre possibilidades de mudança organizacional.

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