TRANSFORMAÇÕES NO ELEVADO COSTA E SILVA: ATORES E DISPUTAS.

Autor(es): 

Mônica Rocabado Mazzolenis de Oliveira - Orientadora: Miqueli Michetti

Ano: 

2016

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O objetivo da pesquisa aqui proposta é verificar como têm ocorrido as disputas materiais e simbólicas em relação aos possíveis futuros do Elevado Presidente João Goulart, antigo Elevado Costa e Silva, e quais os atores estão presentes neste processo, assim como qual é o papel da cultura neste processo de disputas e transformações. Um objetivo secundário é compreender quais atores irão se prejudicar ou beneficiar com as mudanças propostas e se há tendências de gentrificação no espaço. O “Minhocão” propiciou com sua construção a degradação da área, ao intensificar a fuga de investimento de capital privado, o que possibilitou uma população de menor poder aquisitivo residir na área central. Todavia devido às disputas que têm ocorrido em torno de seu futuro e à volta dos investimentos privados em busca de “revitalizar” a área, a região tende a gentrificar, o que acarretaria em mudanças sociais e econômicas nas dinâmicas locais. Em vista de casos similares no exterior que propiciaram um cenário de gentrificação, busca-se analisar se este processo está ocorrendo e quais as disputas presentes na situação. [METODOLOGIA] A pesquisa se valeu de dados secundários oriundos de documentários, reportagens e publicações, e de dados primários coletados por meio de pesquisa de campo e entrevistas. Dessa forma, a pesquisa se baseia majoritariamente em dados qualitativos, todavia foram utilizados alguns dados quantitativos sobre o mercado imobiliário. Para realização da pesquisa foi realizado um recorte temporal de 1970, que marca a construção do elevado, até julho de 2016, o fim da pesquisa. A identificação dos atores chaves do processo foi acompanhada de entrevistas. Foram entrevistados: Alexandre Moreira (SP sem Minhocão), Gilberto Carvalho (SP sem Minhocão), Fernando Haddad (Prefeito de São Paulo), Natalini (vereador), Police Neto (vereador), João Baptista (Movimento Desmonte Minhocão), Athos Comollati (Associação Parque Minhocão), Diego Lajst (morador) e Fernando de Mello Franco (secretário da SMDU).  [Resultados]. Por meio da análise das dinâmicas e entrevistas foi possível perceber um processo acirrado de disputas em relação ao futuro do Minhocão, com cada grupo realizando ações estratégicas a fim de atingir seus objetivos. Também foi possível perceber mudanças materiais no entorno do elevado, por meio de novos tipos de comércio, voltado a um público diferente do costume da região, assim como investimento em infraestrutura urbana e intervenções artísticas ocorrendo com maior intensidade. Também foi possível notar uma valorização dos imóveis na região e uma mudança em relação ao aspecto simbólico que o Minhocão representa para cidade de São Paulo, com seu uso mais intensificado como espaço de lazer com o passar dos anos.  [CONCLUSÃO]. A pesquisa evidenciou uma tendência a gentrificação no entorno do Minhocão, através das alterações materiais e simbólicas do espaço, todavia, nota-se que o assunto não é amplamente debatido na disputa e é colocado como algo secundário na discussão. Também foi possível analisar que há indecisão em relação ao futuro da via, em parque ou desmonte, por parte do poder público, que julga ser uma decisão tomada através do debate público. No entanto, esta ação acarretaria em uma disputa desigual entre atores com nível de capital total em quantidades diferentes. Todavia se coloca como essencial o debate proposto pelo poder público em relação ao destino do Minhocão, pois possibilita a implementação do direito à cidade pela população.

Departamento: 

FSJ

Anexos: