POLÍTICA INDUSTRIAL NA COREIA DO SUL: O QUE O BRASIL PODE APRENDER COM ELA?

Autor(es): 

Marina do Couto Rosa Liuzzi - Orientador: Prof. Nelson Marconi

Ano: 

2019

[INTRODUÇÃO] Esse artigo analisa o processo de desenvolvimento da Coreia do Sul, com foco na política industrial sob a ótica do Novo Desenvolvimentismo. Busca também, argumentar que um modelo de Estado disciplinador foi primordial na garantia de reciprocidade entre público e privado. Somado a isso, o crescimento voltado às exportações, a garantia de um ambiente macroeconômico favorável à indústria e a escolha de setores estratégicos. Com isso, busca encontrar alternativas para o desenvolvimento Brasileiro, bem como compreender como ambos países alcançaram resultados tão díspares no âmbito de suas estratégias de catching up e quais erros e acertos foram empreendidos. [METODOLOGIA] Para a realização deste estudo, foi utilizada uma ampla revisão bibliográfica nas temáticas do novo desenvolvimentismo, desenvolvimento, estudos específicos do caso sul coreano e estudos comparativos sobre América Latina e Leste Asiático. Além disso, foram utilizados dados secundários disponibilizados por organizações internacionais e outros tantos utilizado no âmbito de publicações de outros autores. A ótica que permeia toda a análise realizada no estudo é a do Novo Desenvolvimentismo, teoria encabeçada por Bresser-Pereira e Marconi, que figura como vanguarda dentre as teorias desenvolvimentistas e busca traçar uma alternativa para os países em desenvolvimento. São aspectos chave desta teoria a defesa de uma estratégia export-led, o cuidado com o câmbio competitivo para as indústrias, a defesa da responsabilidade fiscal e cambial, bem como a defesa de um projeto nacional de desenvolvimento. [RESULTADOS] Utilizando este arcabouço para analisar a trajetória sul coreana foi possível identificar quais foram os aspectos chave responsáveis por seu sucesso, bem como os principais erros na condução da estratégia brasileira de desenvolvimento. No caso coreano, foi alcançado um modelo de Estado disciplinador responsável por garantir a reciprocidade entre público e privado, penalizando baixas performance e concedendo subsídios e outras garantias apenas aqueles que cumprissem metas de exportação e produtividade. Contaram também, com uma estratégia export-led, que logrou a competitividade das empresas coreanas no mercado internacional. Além disso, garantiram um ambiente macroeconômico que permitiu o florescimento de sua indústria, com um discricionário uso de desvalorizações cambiais responsáveis por garantir a competitividade da indústria. No caso do Brasil, por outro lado, figuram como principais erros: i) a persecução de uma Política de Substituição de Importações baseada em poupança externa e a insistência em uma estratégia voltada para o mercado interno; ii) a ausência de políticas disciplinadoras, que penalizava más performances e premiava as boas; iii) uma estratégia de desenvolvimento pautada em empresas estatais; e, mais recentemente iii) o descuido com o câmbio - cuja deliberada sobreapreciação crônica vem destruindo a industrialização conquistada até 1980. Essas escolhas no conduzir da estratégia de desenvolvimento coreana e brasileira, foram responsáveis pelo resultado tão desigual que os dois países alcançaram: a Coreia foi bem sucedida na realização do catching up enquanto o Brasil sucumbiu em uma condição de renda média.

Departamento: 

GEP

Anexos: