EFEITO DE CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE NO DESEMPENHO FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Autor(es): 

Manuela Fairbanks Ribeiro - Orientador: Prof. Luiz Artur Ledur Brito

Ano: 

2010

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] Este estudo se insere numa linha de pesquisa amplamente consolidada no campo da estratégia, que trata da análise de determinantes do desempenho das firmas (RUMELT, 1991; McGAHAN; PORTER, 1997). Estes determinantes estão associados a diferentes níveis de agregação, tais como o país, setor de atuação (ou indústria) e firma. Cada um destes níveis provou ter uma influência significante sobre o desempenho das empresas (MAKINO, ISOBE, CHAN, 2004; MISANGYI, 2006; SHORT et al, 2006). Além de apenas quantificar o efeito de cada um destes níveis sobre o desempenho, um desafio que se coloca atualmente é o de identificar quais características das firmas, dos setores e dos países afetam o desempenho. O presente projeto tem como foco o nível da indústria no contexto brasileiro, embora as características individuais das firmas sejam também levadas em consideração, o que é possível pela utilização de modelos multinível (BRYK; RAUDENBUSH, 2002). Nesta abordagem, são modelados simultaneamente os efeitos diretos de características do setor e das firmas sobre o desempenho, assim como sua interação. Esta interação permite avaliar o efeito dos recursos da firma em diferentes ambientes, ou seja, a relação entre recursos e desempenho é vista como dependente do setor. [METODOLOGIA] Para alcançar o objetivo do trabalho foi necessário operacionalizar as variáveis independentes que caracterizam as indústrias (Munificência, Complexidade e Dinamismo) e a variável dependente (desempenho das empresas). Em seguida, estas foram relacionadas em um modelo multinível. A base de dados das variáveis independentes que caracterizam a indústria – utilizadas para o cálculo dos construtos Munificência, Complexidade e Dinamismo - foi a Pesquisa da Industrial Anual Empresa (PIA) do IBGE com CNAE de 3 dígitos. A variável dependente (desempenho) foi operacionalizada por meio de indicadores contábeis, como Retorno operacional sobre os ativos, provenientes de uma amostra da base da SERASA. [Resultados] Para a validação do modelo de Dess e Beard (1984) no ambiente brasileiro, utilizou-se um modelo de análise fatorial exploratória, que corroborou a estrutura teórica proposta pelos autores. Os escores fatoriais calculados foram utilizados como variáveis preditoras em um modelo que buscou explicar a variabilidade do desempenho entre empresas. Este modelo permitiu estimar que apenas 2% da variabilidade do desempenho são explicados por características da indústria. Munificência, complexidade e dinamismo não apresentaram efeito direto significante sobre o desempenho. No entanto, foi identificado um efeito moderador da munificência sobre a relação entre tamanho e desempenho, de maneira que ser grande tende a melhorar o desempenho em ambientes pouco munificentes e ter o efeito contrário em ambientes mais munificentes. [CONCLUSÃO] Os resultados obtidos indicam que o efeito direto de características da indústria sobre o desempenho é limitado e as dimensões discutidas por Dess e Beard (1984) não estão significativamente associadas aos resultados das firmas. No entanto, o efeito moderador de características da indústria sobre o desempenho se mostrou relevante. Este efeito moderador foi analisado apenas em caráter exploratório e requer adicional elaboração teórica. Tal achado abre espaço para estudos futuros sobre a dependência do valor dos recursos em relação ao ambiente em que a empresa está inserida.

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