Autor(es):
Ano:
[INTRODUÇÃO] Como parte integrante do projeto intitulado “Programa de Pesquisa Integrado: Microcrédito para Famílias de Baixa Renda do Município de São Paulo”, o presente trabalho busca a criação de um índice de propensão a contratar crédito dessas famílias. Além disso, analisa a razão entre a dívida e a renda, ou seja, uma medida que indica a saúde financeira das famílias entrevistadas, e estuda as relações entre essa razão e a atitude frente o endividamento, a renda e a riqueza das famílias-alvo. Como estratégia para estimar curvas que atribuam níveis máximos de endividamento a cada faixa de renda e riqueza, utilizam-se análises envoltórias de dados (DEA - Data Envelopment Analysis). [METODOLOGIA] Com a base de dados do Programa Integrado de Baixa Renda (2005), que contém dados a respeito de 451 domicílios de baixa renda (ou seja, cuja renda não supera quatro salários mínimos) de nove distritos do município de São Paulo, colhidos em abril de 2005, dentre eles os montantes e tipos de renda e de endividamento de cada uma das famílias, foi possível analisar a influência da atitude frente o endividamento, da renda e da riqueza na razão entre dívida e renda por meio de uma análise de regressão. A análise envoltória de dados, uma técnica baseada em programação linear, tipicamente utilizada para medir a performance relativa de unidades organizacionais, permitiu, por sua vez, que níveis máximos de endividamento fossem atribuídos a cada faixa de renda e riqueza. Baseado na afirmação de Atkinson (1973) de que, em geral, a riqueza é mais concentrada que a renda, o índice de Gini foi utilizado a fim de verificar se, para a amostra analisada, essa afirmação é verdadeira. [RESULTADOS] A análise de regressão evidenciou que a renda, a riqueza e a atitude frente o endividamento das famílias-alvo praticamente não explicam a proporção de sua renda comprometida com endividamento. A análise envoltória de dados possibilitou a obtenção de curvas que demonstram que, conforme a renda aumenta, rapidamente o nível máximo de dívida das famílias também aumenta, mas passa a diminuir gradualmente conforme a renda ultrapassa R$ 400,00. Similarmente, observou-se que o nível máximo de dívida das famílias estudadas também diminui conforme a riqueza ultrapassa determinado nível, ainda que de forma menos clara e acentuada em comparação com o que foi observado na análise envoltória de dados realizada para observar a relação entre dívida e renda. Além disso, observou-se que, para a amostra, a riqueza de fato é mais concentrada que a renda. [CONCLUSÃO] Entre as conclusões encontradas, destacam-se a constatação de que, conforme renda e riqueza aumentam, o volume de dívida inicialmente cresce e depois tende a diminuir; e a constatação de que a riqueza é mais concentrada que a renda. Mesmo em se tratando de pessoas de baixa renda, existem enormes disparidades de posses e rendimentos.