ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DAS ORGANIZAÇÕES AUTOGESTIONÁRIAS

Autor(es): 

Sofia Reinach - Orientador: Prof. Luis Guilherme Galeão da Silva

Ano: 

2008

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] A economia solidária tem como proposta criar um sistema econômico e uma sociedade focados no ser humano em que esse protagoniza sua própria vida. As organizações autogestionárias são vistas como uma das formas de se alcançar esse objetivo. Essas organizações têm como principal característica o fato de os trabalhadores se organizarem de forma igualitária como donos do negócio. Esse trabalho é o relatório final de uma Iniciação Científica que, a partir da observação da dinâmica do trabalho em uma cooperativa e das características das trabalhadoras, se propôs a fazer um estudo aprofundado sobre alguns aspectos psicossociais presentes ali que afetam ou são afetados pela estrutura autogestionária da cooperativa. [METODOLOGIA] O método de pesquisa foi qualitativo e incluiu observação direta do cotidiano no trabalho e das reuniões, entrevistas, história de vida e história oral da cooperativa em questão. [RESULTADOS] Foram abordadas as questões de gênero e da simbolização negativa do lixo e suas peculiaridades em uma organização autogestionária, além da discussão sobre a presença das razões instrumental e comunicativa propostas por Jürgen Habermas no dia-a-dia da cooperativa em questão. [CONCLUSÃO] Uma cooperativa formada apenas por mulheres possui características próprias que, provavelmente, não existiriam se também tivessem homens ali. A forma como se dão as decisões, bem como as escolhas feitas pelas cooperadas estão intimamente ligadas as cooperadas, a sua psique e ao seu papel na sociedade. Da mesma forma, ter como material de trabalho, objetos reconhecidos como lixo gera sentimentos de rejeição provenientes da materialização da exclusão social e, portanto, a construção da história da cooperativa será completamente afetada por essa situação. As formas discursivas apresentadas a respeito desses dois fatores mostram diferenças importantes para a emancipação e a autogestão. A humilhação e o sofrimento são diminuídos, na reelaboração da identidade de gênero, no espaço da ação comunicativa. Já o lixo, materializa a exclusão e, a ação comunicativa, as discussões em grupo, lhe negam a simbolização e rejeitam a sua associação com as cooperadas.

Departamento: 

FSJ

Anexos: