Práticas de Qualidade na Integração da Cadeia de Suprimentos e seus Impactos sobre o Desempenho: uma ótica sobre a practice-based-view (PBV)

Curso: 

  • CDAE

Área de conhecimento: 

  • Gestão de Operações e Logística

Autor(es): 

  • Julia Pinto de Carvalho

Orientador: 

Ano: 

2018

A integração da cadeia de suprimentos (ICS) trata da colaboração estratégica de processos organizacionais internos e entre os membros da cadeia de suprimentos, e as pesquisas desenvolvidas neste novo milênio apontam para a importância de se integrar as práticas internas aos fornecedores e aos clientes externos. O gerenciamento da qualidade da cadeia de suprimentos (GQCS) amplia a adoção das práticas, que antes eram focadas na empresa e no produto, enfatizando a integração dos membros da cadeia de suprimentos com o objetivo de melhorar continuamente a qualidade de produtos, serviços ou processos. Vários estudos da área abordam práticas de qualidade e integração simultaneamente na composição dos seus constructos, mas sem averiguar como estes conceitos se relacionam, e apesar de haver estudos recentes que quantificam a relação entre integração e práticas de qualidade, nenhum deles avalia o efeito da integração enquanto moderadora na relação entre práticas de qualidade e desempenho. Assim, a principal pergunta de pesquisa questiona como os diferentes níveis de integração da cadeia de suprimentos afetam os resultados de desempenho resultantes da adoção das práticas de qualidade, e para responde-la, esta pesquisa, guiada aos olhos da practice-based-view (PBV), possui abordagens qualitativa e quantitativa, nas quais uma meta-análise consolidou quantitativamente a correlação entre práticas de qualidade e desempenho, os resultados decorrentes de uma survey quantificaram como essas práticas, moderadas pelos diferentes níveis de integração, impactam sobre o desempenho, e por fim, averigou-se, por meio de entrevistas semi-estruturadas, como a eficácia da adoção das diferentes práticas de qualidade interferem nos diferentes níveis de integração. A meta-análise, que mapeou 562 correlações em 38 artigos abrangendo 16.333 unidades amostrais, mostrou que a correlação entre a adoção de práticas de qualidade e o desempenho organizacional foi de 0,182 e de 0,242 para os desempenhos organizacional e operacional, respectivamente. Os resultados decorrentes da survey aplicada à 92 gerentes e líderes de qualidade e de supply chain apontam para o fato de que a integração exerce um efeito moderador significativo sobre a relação entre a adoção de práticas de qualidade e o desempenho operacional. De maneira geral, níveis maiores de integração apresentam melhores resultados de desempenho, ou seja, quando a empresa integra-se apenas internamente, os resultados de desempenho podem culminar em prejuízo, e este efeito tende a se diluir conforme o nível de integração aumenta. Também identificou-se efeito significante da experiência do líder. Por fim, um total de 22 entrevistas semi-estruturadas apontam para o fato de que muitas vezes a integração das práticas de qualidade desenvolve-se por necessidade, como quando uma empresa precisa acessar o ambiente da cadeia para solucionar algum problema de qualidade específico de um produto ou matéria-prima, ou quando necessitam apresentar certos níveis de qualidade, via certificações, por exemplo, para fechar contratos com clientes importantes que trarão ganhos significantes para o desempenho. Com a evolução da integração, parte dela pode tornar-se até mesmo parte da cultura da empresa estabelecendo-se uma rotina integrativa na qual os parceiros aprendem por meio da troca diária de informações que direcionam à novas oportunidades de melhoria pontual e contínua. Por fim, a pesquisa aponta para a inovação como fator mediador desta relação de moderação da integração entre práticas de qualidade e do desempenho, direcionando assim pesquisas futuras.

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