O presente estudo visa, a partir de um recorte temporal da década de 1990, compreender o posicionamento do Banco Mundial diante da consolidação dos preceitos gerenciais na administração pública brasileira. A pesquisa visa contribuir com teoria de análise da gestão do desenvolvimento, isto é, a teoria da Administração e Gestão do Desenvolvimento (Brinkerhoff e Coston, 1999; Thomas, 2000) a partir de uma perspectiva sobre o Brasil, até então, tímida nos estudos sobre o gerenciamento do Terceiro Mundo (Cooke, 2004). Fundamenta-se o papel do Banco Mundial em atuação com o governo brasileiro não somente pelo volume de empréstimos dedicados à implementação no setor público do país, mas também pela função exercida no que diz respeito à argumentação científica e diplomática sobre o desenvolvimento da nação. Dessa forma, pretende-se entender como, embora pouco notado pelos personagens daquele período, o cenário da época proporcionou uma atuação cooperativa de agências reguladoras para intervir de uma maneira contextual em gestão do desenvolvimento para promover crescimento econômico e superação de problemas de infraestrutura pública. O período de estudo é justificado pelo auge de informações sobre o gerencialismo com os acontecimentos pós-Guerra Fria e influência neoliberal, implicando no movimento de elaboração e implementação da Reforma Gerencial no Brasil em 1995, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Para a realização da pesquisa, foi utilizada a metodologia documental a partir da perspectiva interpretativista sob análise do que se fundamentou como elemento contextual de época. Foram utilizados, no total, mais de 180 documentos da época elaborados pelo Banco Mundial sobre a situação no país e outros elaborados de forma oficial pelo governo brasileiro da década de 1990. Foram realizadas entrevistas com representantes da equipe técnica de governo do período FHC, sobretudo testemunhas do projeto de reforma gerencial em 1995, sendo utilizadas na pesquisa de forma complementar aos dados documentais. Revelou-se, com a análise dos dados, não somente a atuação do Banco Mundial condizente com a gestão do desenvolvimento, mas também com evidências da compreensão do histórico brasileiro da administração pública.