Curso:
- CMAE
Área de conhecimento:
- Estratégias de Marketing
Autor(es):
- Adriana Schneider Dallolio
Orientador:
Ano:
A prática institucionalizada dos ritos de passagem, os quais historicamente apoiavam os indivíduos nos diversos períodos de transição da vida, parece ter se esvaziado nas sociedades contemporâneas. Alguns estudiosos, inclusive, destacam a lacuna dos ritos de iniciação, que marcavam a transição da infância para a adolescência; provocando, assim, um hiato identitário, as categorias antes claramente delimitadas tornam-se interpostas e as crianças perdem um importante mecanismo para lidar com a mudança. No entanto, considerando-se que o consumo viabiliza o autoconhecimento e a comunicação da identidade, o mercado assume um papel institucional cultural central, ao redor do qual essas crianças constroem suas identidades; principalmente no período mais crítico da transição, o da liminaridade. Caracterizada como um período de extrema ambiguidade do self e invisibilidade social, a fase liminar dos ritos de passagem é um tema sub-pesquisado e uma lente teórica fértil para se analisar o papel do consumo nesse período de transição entre dois espaços socioculturais concretos e reconhecidos, o da infância e o da adolescência. Portanto, este estudo realizou uma imersão no universo das meninas com idades entre oito e doze anos, pertencentes a esse grupo liminar denominado de tweens, contribuindo, assim, com uma perspectiva multifacetada do consumo e construção de identidade dessas meninas. Como em um trabalho artesanal de patchwork, o resultado final apresenta uma perspectiva única, porém formada pela reunião das diferentes concepções dos agentes envolvidos: - as mães, as meninas e a própria pesquisadora. Ao longo de dois anos, foram coletados dados através de diferentes técnicas, como entrevistas em profundidade com mães, no Brasil e EUA, observação participativa e diário introspectivo da pesquisadora, mãe de uma tween, e entrevistas filmadas por uma menina tween com suas próprias amigas; propiciando uma oportunidade única de retratar o universo das meninas por elas mesmas, com o mínimo possível de interferência da pesquisadora. Os resultados contribuem com estudos anteriores, ampliando a compreensão do comportamento das meninas e suas práticas de consumo e socialização, durante a transição. Ressaltando, inclusive, a influência do bullying nessas práticas. Além de destacar que a liminaridade pode ser vivenciada não só pelo indivíduo que passa pela transição, mas também por aqueles envolvidos emocionalmente nesse processo, no caso as mães.