Do Gerenciamento de Riscos à Resiliência em Cadeias de Suprimentos

Curso: 

  • CDAE

Área de conhecimento: 

  • Gestão de Operações e Logística

Autor(es): 

  • Marcelo Martins de Sá

Orientador: 

Ano: 

2017

A crise hídrica é apontada em levantamentos globais realizados na última década como um risco com alto potencial de severidade (WEF, 2007, 2016), considerado o desastre natural que mais causa mortes em todos os países (BELOW; GROVER-KOPEC; DILLEY, 2007) e provoca forte impacto no fornecimento de alimentos, acarretando em prejuízos para saúde, educação, força produtiva e economia das regiões afetadas. Esta tese encontrou na crise hídrica ocorrida na Região Sudeste brasileira nos anos de 2013 a 2015, em especial no Estado de São Paulo, uma oportunidade única de estudar a ocorrência de um fenômeno com características de início lento, explorar a maneira como foi percebida por gestores, bem como as decisões consideradas para Gerenciamento de Riscos e Resiliência em Cadeias de Suprimentos. O objetivo principal desta tese foi investigar o desenvolvimento de capacidades de resiliência em cadeias de suprimentos em um contexto de desastre natural. Para explorar este contexto traz a seguinte questão de pesquisa: como as empresas desenvolvem capacidades de resiliência em cadeia de suprimentos frente a um desastre natural? Esta tese possui natureza qualitativa, por meio da utilização de estudos de casos em duas cadeias de suprimentos relacionadas ao setor de alimentos e bebidas (oriundas das commodities cana-de-açúcar e laranja) como unidades de análise. Os resultados apontam a percepção ao risco como responsável pelo desenvolvimento das capacidades de flexibilidade, colaboração, visibilidade e velocidade. Após a percepção ao risco, os respondentes investiram fortemente em tecnologias para enfrentar os fenômenos climáticos a que estão expostos, evidenciando capacidade de visibilidade sobre o evento, principalmente por meio de compartilhamento de informações úteis entre os elos da cadeia para enfrentamento da crise. Outro resultado indica que a velocidade e a colaboração são necessárias nas fases de resposta e recuperação para alcançar resiliência. No entanto, a presente pesquisa mostrou que estas capacidades não estão presentes em todas as empresas de acordo com os casos estudados e que as cadeias buscam caminhos diferentes para tentarem alcançar a resiliência necessária para normalização ou aprimoramento de seus processos. Conclui-se que a cadeias estudadas não desenvolveram resiliência para enfrentar futuras crises hídricas em todos os elos. As contribuições teóricas desta tese residem em três pontos: o primeiro, a análise das capacidades de resiliência de forma conjunta (como um “conjunto de recursos”), considerando o contexto das fases de uma ruptura de início de lento. Segundo, são raros os estudos com evidências empíricas do ambiente de crise ou pré-ruptura em cadeias de suprimentos que analisem em profundidade as fases de resposta e recuperação, especialmente por desastres naturais com início lento. Terceiro, a análise deste fenômeno além das díades (fornecedores-compradores) pode ser considerada contribuição empírica-teórica para disciplina de cadeia de suprimentos. A partir deste conhecimento é possível adotar estratégias de preparação, tais como aumento de flexibilidade e redundância, investimentos em sistemas integrados de comunicação entre os elos da cadeia para aumentar a visibilidade e velocidade de resposta, entre outras ações que envolvam as capacidades de resiliência estudadas. São necessárias novas ações voltadas para o agronegócio que visem ampliação dos protocolos agroambientais existentes, além de novas pesquisas, compartilhamento de resultados, estudos de casos e ensino nas universidades e debates, para manter o nível adequado de percepção ao risco e foco voltado para recuperação de áreas de preservação e relevantes para melhor gerenciamento dos recursos hídricos.

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