O investimento social privado emergiu estrategicamente aos negócios. Trata-se de um movimento transversal balizado em fatores de pressão que ressoa em diversos portes de empresas, mercados e regiões. Sendo termômetro de maturidade, em 2018, o ecossistema brasileiro registrou volume de R$ 3 bilhões entre mais de 250 empresas, fundações e institutos privados, sendo a maior causa endereçada a educação (BISC, 2018). Entretanto, na última década o investimento social privado se deparou na encruzilhada de proporcionar uma discussão de retorno, na esteira da agenda que também discute resultados e impactos de projetos. Neste âmbito, o presente trabalho propõe uma sistematização da literatura sugerindo 10 dimensões de retorno e legado do investimento social privado, considerando a ótica da empresa investidora: D1) econômico-financeira; D2) reputacional; D3) vendas / marketing; D4) funding; D5) clima organizacional; D6) operacional; e a perspectiva da comunidade local beneficiada: D7) fortalecimento de rede local; D8) econômico-financeira; D9) engajamento, empoderamento e reputação; D10) capacidades locais. A metodologia utilizada foi a abordagem qualitativa com estudo de caso único e agregado por técnicas de coleta e análise de dados, sendo: a) análise documental; b) entrevistas em profundidade com roteiro semiestruturado; c) observação direta; d) análise de conteúdo; e) ferramenta de modelagem Social Return on Investment (S-ROI). O território de Sobral-CE foi investigado tendo em vista a intervenção de geração de renda proporcionada pelo Programa Redes. Após análise de 28 entrevistas em profundidade, os resultados apontam para as dimensões “D2 – Reputacional” e “D8 – Econômica-financeira” (renda) enquanto mais aderentes pelos representantes dos clusters empresa investidora e comunidade local beneficiada, respectivamente. É constatada uma relativa confirmação da literatura no caso específico, tendo variação de intensidade entre as dimensões desde não confirma parcialmente até confirma integralmente. Contribuições do trabalho sinalizam para, entre outras, uma agenda de mercado que contemple as dimensões de retorno e legado do investimento social privado incorporadas ao pipeline de investimentos nos negócios, compondo fundamentos para conectar estrategicamente o tema social no core business das companhias, bem como uma agenda acadêmica de construção do conhecimento com novos casos visando refinar o debate.