Curso:
- MPGPP
Área de conhecimento:
- Políticas Públicas
Autor(es):
- Tâmara Karoline Barros de Andrade
Orientador:
Ano:
Ter uma burocracia representativa da população brasileira é crucial para o exercício da democracia. Mas, embora as mulheres sejam a maioria da população brasileira, isso não é uma realidade quando analisamos o governo. Ainda que tenham sido criadas muitas políticas públicas para igualdade de gênero, legislações e ações afirmativas foram insuficientes para promover a equidade entre homens e mulheres, o que apresenta uma alarmante e urgente face da condição feminina em pleno século XXI. A partir desta perspectiva, o presente artigo pretende discutir os desafios da promoção da igualdade de gênero, trazendo como base a experiência da organização da sociedade civil Vetor Brasil. A organização desenvolve inovações na gestão de pessoas do setor público em parceria com os governos locais, através da atração, seleção e desenvolvimento de profissionais que atuam no setor público brasileiro. Por meio de suas ações a organização demonstra que a implementação de iniciativas de treinamento são insuficientes para promover a diversidade real no setor público. Especialmente em relação à desigualdade de gênero, sem reconhecimento da existência de vieses nos processos de seleção e a introdução de ações afirmativas para além das cotas, dificilmente serão corrigidas as expressões da desigualdade de gênero no setor público. As práticas não discriminatórias, como a neutralização de vieses e a introdução de treinamentos são importantes, mas devem caminhar junto com medidas de inclusão e equidade para que uma política de diversidade seja eficaz e de fato as mulheres sejam representativas no governo. O presente artigo suscita que é preciso pensar ação afirmativa de uma forma abrangente, considerando diversidade como um componente que não pode estar dissociado de inclusão e equidade. Faz-se necessário não apenas a garantia de acesso ao mercado de trabalho para as mulheres, mas também a introdução de mecanismos que gerem mudanças de comportamentos, provocando nos indivíduos uma postura de profunda reflexão e vigilância de suas práticas pessoais e profissionais, promovendo a institucionalização transversal desses esforços e assegurando o fortalecimento da presença de membros dos grupos beneficiários das políticas de inclusão dentro da máquina pública, tornando-os atores centrais do processo de transformação.