A construção da legitimidade das agências de rating de crédito no Brasil

Curso: 

  • CDAE

Área de conhecimento: 

  • Estudos Organizacionais

Autor(es): 

  • Miriam Pires Eustachio de Medeiros Vale

Orientador: 

Ano: 

2016

Esta pesquisa trata sobre a legitimidade, o status e a reputação das agências de rating de crédito no Brasil partindo da visão de sua audiência. A partir de pesquisa de campo conduzida com a audiência das seguintes organizações: Argus Classificadora de Risco de Crédito, Austin Rating, Fitch Ratings Brasil, Liberum Ratings, Moody’s, SR Rating e Standard & Poor’s (S&P), buscou-se entender como pode ser explicado o fenômeno das agências de rating de crédito no Brasil, bem como o papel da legitimidade, do status e da reputação dessas empresas por meio de mais de quarenta entrevistas em profundidade. O tema em questão é importante pois, ao endereçar um assunto atual, estimula a discussão a respeito de como as relações interorganizacionais afetam a visão da audiência, trazendo o assunto mais para perto da área de Estudos Organizacionais. O objetivo central é entender o processo por meio do qual essas organizações tornam-se legítimas e merecedoras da confiança de sua audiência. Para tanto , pretendeu-se, a partir de um trabalho exploratório e qualitativo, pesquisar o relacionamento das agências de rating de crédito não só com seus clientes, mas também com agentes de mercado que influenciam a contratação das agências. As entrevistas foram todas transcritas e codificadas utilizando o software ATLAS.ti. A partir da codificação, extraíram-se alguns conceitos com a finalidade de explicar o fenômeno das agências no Brasil. De forma surpreendente, a regulação não é tão primordial quanto a captação de recursos, o que demonstra que os contratantes das agências estão mais preocupados com a aceitação de suas emissões no mercado por parte de investidores. As agências, nesse cenário, ocuparam um espaço de intermediação de informações entre os atores financeiros, fornecendo uma espécie de “selo de aprovação” para os investidores que se sentem mais confortáveis e seguros em investir em emissões que já tenham sido avaliadas por elas. Quando a pesquisa de campo chegou até os investidores, notou-se que havia uma espécie de terceirização da decisão de investimento em uma tentativa do que se chama no mercado de “cover my ass”, ou seja, de responsabilização de um terceiro quando algo desse errado. Porém, as próprias agências negam que isso possa ocorrer em seus avisos legais. É unânime entre os pesquisados que há dois grupos de agências: internacionais e nacionais, sendo claro que há diferenciação de status entre elas, com as de fora do país ocupando o mais alto status. Para os entrevistados, o que as agências americanas têm de diferencial é chamado de “placa” e esboçam uma ideia do que as nacionais deveriam fazer para tentarem chegar ao mesmo patamar. Concluindo a pesquisa, vê-se que no Brasil, as agências não desempenham o mesmo papel que possuem em outros mercados e que a legitimidade delas depende diretamente da aceitação de suas avaliações por parte dos investidores.

Clique aqui para ver outros trabalhos deste orientador
Clique aqui para ver outros trabalhos orientados por este professor