Curso:
- MPGC
Área de conhecimento:
- Empreendedorismo
Autor(es):
- Daniel Marques Périgo
Orientador:
Ano:
O aumento da competitividade, o cenário macroeconômico e a importância crescente dos aspectos sociais e ambientais, associados ao esgotamento dos modelos de negócios convencionais focados prioritariamente na busca de lucro econômico, estimulam o surgimento de novos modelos de negócio, baseados na obtenção de ganho econômico e no atendimento às expectativas sociais. Os negócios sociais surgem como alternativas aos modelos de negócio tradicionais, ao harmonizar a busca pelo impacto positivo na sociedade e as atividades comerciais de geração de renda, combinando a lógica de mercado com a necessidade filantrópica, a fim de atingir uma missão social; no entanto, seu caráter híbrido carrega tensões intrínsecas do esforço de equilibrar esses dois aspectos. Sistemas de mensuração e gestão de desempenho podem ter um papel importante neste contexto, ao permitir a avaliação da adesão da organização aos objetivos sociais, por meio de métricas financeiras e sociais alinhadas à sua estratégia. Entender de que modo a adoção desses sistemas pode influenciar a gestão e orientar a criação de valor social nesses empreendimentos é o objetivo deste trabalho. Para isso, o Social Enterprise Balanced Scorecard (SEBC), uma versão do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton, foi utilizado como modelo de análise. O estudo foi efetivado por meio de uma pesquisa qualitativa, exploratória, baseada no estudo de casos múltiplos e em entrevistas semiestruturadas realizadas com representantes de cinco negócios sociais brasileiros, de naturezas jurídicas diversas. Os dados coletados foram consolidados e os indicadores analisados e distribuídos segundo as perspectivas do SEBC. O trabalho demonstrou que, das cinco organizações, três possuíam sistemas de mensuração implementados, com uma tendência maior de adoção nos negócios do terceiro setor. No entanto, a avaliação das métricas demonstrou uma predominância da medição de outputs, uma medição limitada de outcomes mais generalistas e a ausência de medição de impacto, sugerindo um potencial desalinhamento entre as métricas de desempenho e a missão social da organização. Outro ponto constatado foi a vinculação da missão social à figura do empreendedor, caracterizando uma abordagem mais pessoa-dependente e menos processo-dependente. Por fim, os resultados do trabalho apontam para a potencial aplicabilidade do Social Enterprise Balanced Scorecard como mecanismo de mensuração e gestão no contexto dos negócios sociais, ao proporcionar uma visão mais equilibrada do seu desempenho.