Empreendedorismo se tornou palavra de ordem. Cada vez mais governos ao redor do mundo tem apostado na promoção de políticas de apoio às micro, pequenas e médias empresas e de fomento à atividade empreendedora. Evidências empíricas, contudo, não são conclusivas quanto ao papel destas políticas em promover crescimento econômico. Diante desta constatação, o presente trabalho tem o objetivo de entender como se forma a hegemonia do discurso de apoio às MPMEs e de fomento ao empreendedorismo nas políticas públicas de governos brasileiro a partir da redemocratização da década 1980. Como opção ontológica, a pesquisa está alinhada ao realismo crítico. A crença é de que existe uma realidade lá fora, mas a realidade que pode ser observada é socialmente construída. A metodologia de pesquisa é a Análise Crítica do Discurso, que se vale também da narrativa e do temporal bracketing como estratégias de análise do corpus, que é composto dos programas de governo das candidaturas mais expressivas entre 1989 e 2018. O trabalho conclui que a discurso do empreendedorismo no Brasil emerge no bojo das reformas neoliberais da década de 1990 e não sofre questionamentos nos períodos seguintes, mesmo por partidos de diferentes matizes ideológicas. Sua principal contribuição é desvelar que o discurso hegemônico em favor das MPMEs e do empreendedorismo funciona como uma forma de obliterar alternativas ao modelo neoliberal no qual cada é responsável individualmente pelo seu sucesso. A tese contribui também para o avanço dos estudos críticos em empreendedorismo, tanto nacional, quanto internacionalmente.