Agricultura Urbana e Periurbana (AUP) como Objeto do Empreendedorismo Social: a experiência da organização Cidades Sem Fome

Curso: 

  • MPGC

Área de conhecimento: 

  • Sustentabilidade

Autor(es): 

  • Fernanda Falsete Risola

Orientador: 

Ano: 

2019

O crescimento da população urbana e seu modo de produção e consumo alimentar pressionam a segurança alimentar e nutricional da população. Essa pressão é decorrente de impactos ambientais – como escassez de água, redução de terras férteis e efeitos da mudança climática e de eventos climáticos extremos –, e de impactos sociais – como aumento da pobreza, desemprego e exclusão social. Nesse contexto se insere esta pesquisa com o objetivo geral de investigar a agricultura urbana e periurbana (AUP) como objeto do empreendedorismo social à luz da experiência da organização Cidades Sem Fome. A revisão de literatura explorou dois temas: AUP, para entendimento de como ela se insere como parte da solução para os problemas socioambientais, e empreendedorismo social, para análise de suas potencialidades como impulsionador à AUP. Foi realizada uma pesquisa qualitativa com base na metodologia de estudo de caso, que examina dois projetos da organização não governamental (ONG) Cidades Sem Fome: Hortas Comunitárias e Hortas Urbanas, desenvolvidos em região periférica do município de São Paulo. A necessidade de adaptação do modelo Hortas Comunitárias que, por diversas barreiras à AUP, não garantia autossuficiência financeira para os agricultores beneficiários do projeto, levou ao desenvolvimento do projeto Hortas Urbanas, em um modelo de negócio social. A análise do caso demonstrou que a abordagem de negócio social aplicada ao Hortas Urbanas, atuando em uma lógica de mercado – nos fatores gestão e governança, escala e comercialização –, e tendo como finalidades principais a garantia da autossuficiência financeira dos projetos da ONG e a geração de emprego, possibilitou a mitigação de diversos desafios enfrentados no modelo de atuação do Hortas Comunitárias – acesso à terra, criação de emprego, baixo nível de instrução dos participantes, falta de incentivos para doadores e patrocinadores, alto custo de insumos, dificuldade de acesso a mercados e comercialização a preços justos e plantio em terras contaminadas. Mas fica o desafio à ONG de reestruturar o modo de atuação do Hortas Comunitárias, inserindo aspectos da lógica de mercado, pois somente por meio de um modelo mais autossuficiente financeiramente será possível alcançar a perenidade do projeto e de seus impactos. A ONG é reconhecida por seu impacto social no apoio a agricultores de Hortas Comunitárias para geração de renda, os quais vendem produtos frescos a preços acessíveis, em regiões carentes e com pouco acesso a eles. Portanto, uma desvinculação de sua imagem desse projeto poderia acarretar uma perda da percepção positiva que os apoiadores, a sociedade, e a comunidade local têm por ela. Com este estudo identificaram-se regiões periféricas da cidade com ampla disponibilidade de terra em locais onde vive uma população carente com alta vulnerabilidade social, que se alimenta com dietas precárias e tem pouco acesso a alimentos frescos. Ao mesmo tempo, demonstrou-se que há oportunidades para estimular a AUP através do empreendedorismo social nessas regiões, podendo-se contribuir para a geração de empregos, de renda, para a oferta de maior acesso a uma variedade de alimentos frescos e para melhorar o quadro do ponto de vista da segurança alimentar e nutricional.

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