[INTRODUÇÃO] A indústria do entretenimento figura como uma das mais representativas no cenário econômico mundial. Estima-se que as atividades de mídia e entretenimento evoluam 6,6% ao ano e em 2010, movimentará $ 1.8 trilhões ao redor do mundo. Tendo em vista a importância desta indústria e a diversidade de produtos existente neste segmento, optou-se, neste estudo, pela realização de um recorte específico representado pelo consumo do futebol. Segundo estudo realizado pela consultoria Delloite, o futebol europeu (maior representante do segmento) movimentou cerca de 14.6 bilhões de euros. Desta forma, o estudo foi fundamentado pela análise do consumo do futebol sob três diferentes perspectivas: (1) entender qual o sentido do futebol para seu consumidor (como está alinhado com sua meta de vida e auto conceito); (2) observar e classificar a experiência gerada pelo consumo do futebol por meio da matriz experiencial de Pine; (3) classificar as ofertas relacionadas ao futebol (jogos pela tevê ou estádio) segundo a tipologia de classificação dos produtos de Kotler; (4) classificar a emoção gerada pelo consumo do futebol segundo a classificação de Larsen (dimensão do temperamento humano em quatro perspectivas: emocional, social, sensorial e nível de atividade) e escala de emoções primária de Plutchik (implicação emocional das ofertas relacionadas: consumo pela tevê ou estádio). [METODOLOGIA] A metodologia selecionada foi de caráter primário representada pela pesquisa de base etnográfica (entrevistas em profundidade e observação direta no habitat natural e ocasião de consumo da amostra). Sendo assim, a amostra foi composta por dez jovens do sexo masculino, das classes A e B (entre 18 e 25 anos), residentes em São Paulo e consumidores de futebol. Com o intuito de investigar as características peculiares deste consumidor, convencionou-se segmentar a amostra em dois grupos: espectadores (aqueles que preferem assistir aos jogos pela tevê) e torcedores (aqueles que preferem assistir aos jogos no estádio). [RESULTADOS] Através da aplicação da pesquisa, pôde-se constatar: (1) na matriz experiencial de Pine, o consumo de futebol pela tevê foi alocado no quadrante entretenimento (baixo envolvimento e interação do consumidor com a oferta); já o consumo no estádio, foi alocado na perspectiva escapista (alto envolvimento, interação e deslocamento físico à atividade); (2) amparado pela tipologia de classificação de produtos de Kotler, a oferta tevê foi classificada como um bem de conveniência (amplo acesso, baixo esforço e risco de consumo), já o estádio, pôde ser classificado como compra comparada para os espectadores (atributos como segurança ou acessibilidade por vezes restringiam o consumo) e como de especialidade para os torcedores (composto por atributos únicos, como a emoção de um gol “ao vivo”); (3) sob a perspectiva emocional, ambos os grupos são afetados por estímulos; no entanto, estes variam segundo intensidade e freqüência (torcedores são mais afetados por estes estímulos, inclusive por sociais, pela exaltação proveniente das arquibancadas), já quanto ao mapeamento emocional do consumidor, os torcedores são mais “emocionais” que os espectadores (tal sentimento sobrepõe à variável medo, reconhecida por ambos os grupos quanto à questão da segurança dos jogos no estádio). [CONCLUSÃO] A conclusão remonta a todas etapas deste trabalho e uma constatação de que, na amostra analisada, existe uma demanda reprimida quanto ao consumo de futebol nos estádios brasileiros. Questões como segurança, acesso e infra-estrutura desta oferta, inviabilizam seu consumo pelos espectadores, que possuem interesse e renda em assistir aos jogos no estádio.