SUICÍDIO POLICIAL: PROBLEMATIZAÇÃO E QUESTÃO NACIONAL

Autor(es): 

Fernanda Sabino - Orientador: Renato Sergio de Lima

Ano: 

2020

[INTRODUÇÃO] Em circunstâncias complexas tomadas por incertezas, riscos, constante estresse físico e mental, horas extras e má remuneração, nos deparamos atualmente com profissionais da Polícia Militar e Civil tirando suas respectivas vidas, dado as condições de trabalho nas quais estão inseridos e a baixa qualidade de vida a qual são submetidos. Em grande parte das vezes, esses indivíduos são orientados a não revelaram suas dores, enfrentando dessa forma com sérios problemas em silêncio e sem nenhum tipo de apoio da organização. Segundo Cerqueira (2018), a prevalência de suicídios entre policiais no Brasil é cerca de três vezes maior do que na população em geral. O autor utiliza como fonte dados do SIM/Datasus, salientado que um policial que trabalha sem o apoio e proteção necessária, é um policial que mata mais. Logo, o ato de valorizar o policial é o que impede que esse cenário de retroalimentação da violência torne-se cada vez mais constante. O presente trabalho possui como cerne analítico a elaboração de uma análise exploratória acerca da questão do suicídio policial, visando contribuir para o maior discernimento dessa temática. Pretende-se compreender melhor como a ideia de cultura organizacional implica nesse cenário, trazendo a questão do policial com perfil de herói e, também, como os padrões operacionais podem implicar diretamente nesse fenômeno. [METODOLOGIA] A pesquisa terá caráter exploratório, tendo em vista que busca-se progredir no entendimento da conjuntura do suicídio policial - ainda pouco desenvolvida e estudada no país e no estado de São Paulo - e suas interfaces. Para isso, foi realizado um levantamento documental e um mapeamento de especialistas no assunto, buscando-se fazer uma revisão dos dados bibliográficos existentes. Por fim, tem-se como propósito analisar possíveis hipóteses para o objetivo central do trabalho. [RESULTADOS] Após a revisão bibliográfica, foi possível averiguar que os dados indicados por Cerqueira (2018) são de imediato explicados, quando analisados sob a perspectiva de profissionais que lidam diariamente com condições precárias de trabalho, baixos salários, delegacias sem estrutura, entre outros fatores que indicam que a questão do suicídio policial explica-se em diferentes vertentes. Para além da cultura organizacional, analisa-se, também, que a vida social dos policiais precisa ser avaliada, tendo em vista que a atividade cívica do cidadão tende a ter grande influência - negativa ou positiva - no modo em que questões psicológicas são tratadas. Para além das questões de qualidade de vida e melhores condições de trabalho, foi possível averiguar que a cultura organizacional dentro da polícia também mostra-se como um ponto de atenção para o melhor compreendimento do porquê da taxa de suicídio entre policiais estar sendo tão elevada. [CONCLUSÃO] A revisão de literatura realizada evidenciou que, ao entrar na corporação, o policial possui o ideal nobre de ajudar o outro e, conforme o tempo passa, tal idealismo é perdido na medida em que ele percebe que dentro do seu próprio trabalho existem inúmeras frustrações, e que muitas vezes elas são ampliadas devido ao desamparo da corporação em relação a como lidar com esses problemas. A partir disso, percebe-se que o suicídio está atrelado não apenas a questões individuais, mas também à temáticas cujo padrão operacional apresenta-se como fator chave para o entendimento desse fenômeno.

Departamento: 

GEP

Anexos: