Autor(es):
Ano:
[INTRODUÇÃO] O fato de a gestão de qualidade não mais constituir “moda” em assistência médico-hospitalar, apresentando-se como uma necessidade para os gestores e as mudanças significativas sofridas, desde 2000, pelos hospitais públicos de São Paulo são elementos impulsionadores à realização deste trabalho. Ainda, o início de um novo governo em 2003, e o desenvolvimento da discussão a respeito de administração direta X organizações sociais constituem novas fontes de interesse em relação ao assunto. Os objetivos deste estudo são, portanto: (1) obter informações de hospitais públicos estaduais paulistas quanto a suas preocupações com qualidade, (2) conseguir informações quanto às percepções dos dirigentes dos hospitais e às visões do nível central da Secretaria a respeito do mesmo assunto e (3) identificar programas implantados e indicadores utilizados. [METODOLOGIA] São duas as estratégias de pesquisa para a concretização do estudo. A primeira é a aplicação de entrevistas a profissionais do nível central da Secretaria de Saúde e, a segunda, a distribuição de questionários aos dirigentes dos hospitais pertencentes à amostra. Foram entrevistados: o Secretário Adjunto, o Chefe de Gabinete, responsável pelo Planejamento, o responsável pela região metropolitana e o responsável pela gestão de contratos (5 entrevistas). Os questionários foram aplicados a 34 hospitais: 13 administrados por OSs e 21 sob administração direta. Utilizou-se de maneira complementar de visitas, por meio de convite dos diretores dos hospitais, como instrumentos de conhecimento da realidade e de observação do cotidiano. [RESULTADOS] As cinco entrevistas retrataram: visões heterogêneas de membros do nível central a respeito da maior parte das questões, a clara intenção da Secretaria em estimular a implantação de iniciativas de qualidade, com ênfase à chamada “Humanização”, a burocracia envolvida no acompanhamento dos hospitais de administração direta e a percepção clara a respeito da superioridade dos hospitais sob contrato de gestão. Em relação aos hospitais foram identificados: as principais características de nossa amostra, os sistemas de qualidade implantados, os motivos e resultados das implantações, assim como os indicadores internos utilizados pelos hospitais. Ficou evidente, ainda, que a grande maioria dos respondentes implantou ou está implantando alguma iniciativa de qualidade, que os sistemas de qualidade específicos do setor alcançaram grande difusão no meio e que os hospitais administrados por OSs são os que estão mais preocupados com o assunto “qualidade”. [CONCLUSÃO] As conclusões do trabalho podem ser divididas em três principais grupos. (1) Relacionadas à amostra de respondentes: foi evidenciada a continuidade da política em relação à saúde; e houve rotatividade entre os dirigentes dos hospitais. (2) Diferenças entre os hospitais administrados por OSs e os da administração direta: a existência de um sistema de informações padronizado para o grupo de hospitais sob contrato de gestão permite um controle de suas atividades e o benchmarking por parte dos hospitais; a possibilidade de serem premiados ou punidos com o uso do orçamento pode fazer os hospitais buscarem mais evidências externas de qualidade; e os próprios gerentes dos hospitais, dada sua visibilidade, querem garantir uma boa imagem para os serviços. (3) Relacionadas aos programas: a “Humanização” constitui palavra de ordem na área, sendo mais citada que os programas tradicionais; os diretores dos hospitais conhecem pouco a questão dos custos ou dos gastos envolvidos na implantação dos sistemas; e a disponibilidade de sistemas de informação mais eficazes e a cobrança de indicadores pelo nível central aumentou a probabilidade de que o hospital tivesse mais facilidade em se submeter a avaliadores externos de qualidade.