PRÁTICAS DE OUTSOURCING NA INDÚSTRIA TÊXTIL DE SÃO PAULO

Autor(es): 

Rodolfo Ka Wehn Hing - Orientadora: Prof. Susana Carla Farias Pereira

Ano: 

2008

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O Brasil possui o sexto maior parque têxtil do mundo. O faturamento total do setor em 2007 foi de US$ 34,6 milhões. Entretanto, o setor vem sofrendo uma forte concorrência internacional, sobretudo da China. Em 2005, com o fim do acordo que estabelecia cotas para a importação de produtos têxteis, a situação das empresas que atuam nesse setor ficou ainda mais preocupante: os resultados de 2007 indicam um crescente acúmulo negativo da balança comercial do setor. O cenário da indústria paulista não é muito diferente, onde o resultado da balança comercial também foi negativo. Outro fator que pesa negativamente contra a região paulista é o alto valor do ICMS comparado ao de outros estados, causando uma mudança das indústrias para locais com melhores condições tributárias. Apesar disso São Paulo é o estado que mais emprega no setor, representando aproximadamente 25% dos 862.573 trabalhadores de todo o Brasil. [METODOLOGIA] O objetivo dessa pesquisa é identificar e analisar as práticas de operações das indústrias têxteis da grande São Paulo e sua relação com os objetivos de desempenho e resultados.  Para atingir os objetivos propostos foi realizado um survey; uma pesquisa exploratória descritiva transversal. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com o uso do questionário do GMRG. A amostra do estudo é composta de 31 empresas da indústria têxtil da grande São Paulo. Para a divulgação da pesquisa, contou-se com o apoio da ABIT que divulgou em newsletter e na página na internet o teor da pesquisa. [RESULTADOS] Os principais resultados confirmam achados de estudos anteriores que indicam que a cadeia têxtil no Brasil ainda é intensiva em mão de obra. As empresas consideradas nesse estudo possuem em média 106 funcionários, mais de 50% destes atuam na área produtiva. Observou-se também que as empresas pesquisadas não têm grande foco na exportação. Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que mais de 80% da amostra ser composta por indústrias, e não confecções, cujos produtos são específicos para atender o mercado brasileiro. Em virtude da acirrada competição por preços, travada com produtos asiáticos, a indústria está investindo em produtos de maior valor agregado e mudando seu mercado de atuação; reduzindo o fornecimento para mercados tradicionais na indústria têxtil (tecelagens e malharia) e aumentando o fornecimento para indústrias de outros setores, como o automotivo, que em geral exigem maior qualidade dos seus fornecedores. Isso pode explicar também o fato do setor se concentrar no atendimento ao mercado brasileiro, onde é possível especificar e produzir com uma qualidade superior aos produtos concorrentes da Ásia, que, sobretudo no segmento de confecções, possuem preços imbatíveis devido ao uso intensivo de mão-de-obra. Em relação à escolha do principal fornecedor observou-se que esses são escolhidos sobretudo com base no critério de custos totais, seguido pelos critérios de qualidade do produto, flexibilidade para alterar o volume e o mix, e possibilidade de prover acesso a novas tecnologias. As especificações do produto para o principal fornecedor são cuidadosamente definidas e especificadas em contrato. [CONCLUSÃO] É possível concluir que as práticas de operações adotadas pela indústria têxtil na grande São Paulo refletem um forte investimento em inovações tecnológicas em equipamentos, produtos e processos. Estes investimentos já se fazem sentir na melhoria no desempenho das empresas estudadas, mas há também um aumento nos custos de produção.

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