A PRÁTICA E O DISCURSO EXTREMISTAS NA CONJUNTURA ANTIPETISTA: DIAGNÓSTICO E EXPLICAÇÃO

Autor(es): 

Ana Laura Rodrigues Ferreira Ferrari - Orientador: Claudio Couto

Ano: 

2016

Instituição: 

FGV-EAESP

 

 

[INTRODUÇÃO] Desde o primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, e com uma intensificação que data da campanha eleitoral de 2014 à abertura do processo de impeachment em 2016, percebeu-se um clima hostil entre cidadãos que discordavam em relação à continuidade ou término da atuação do Partido dos Trabalhadores (PT) no comando do governo federal. Essa hostilidade se traduz em discursos violentos, negação da convivência com sujeitos considerados petistas e hostilizações aos políticos ligados ao PT e às figuras públicas que se manifestavam favoráveis ao partido, sendo, portanto, visivelmente distinta de uma oposição democrática e saudável.[METODOLOGIA] Para identificar esse comportamento de certos grupos oposicionistas, o referencial teórico detalha a definição de extremismo e traça as suas possíveis consequências em um contexto democrático. Além disso, investiga o papel da internet no consumo de informações que apenas reiteram as crenças iniciais dos sujeitos, criando, também, um ambiente propício ao surgimento da homofilia - processo de aproximação entre pessoas que têm pontos em comum em dimensões relevantes. A problemática se apresenta na consequente polarização de grupos, onde indivíduos se tornam irrestritamente confiantes e afetivamente envolvidos com uma certa causa enquanto deliberam e discutem conjuntamente sobre a mesma, terminando o debate em uma posição mais extrema, na mesma direção de suas inclinações iniciais. O objeto de estudo que insere essa lógica e é o material empírico recolhido predominantemente da internet, a saber, os comentários desse público em postagens no Facebook; em especial as páginas de Facebook que ganharam relevância através da retórica antipetista e a atuação de movimentos sociais oposicionistas e de publicistas ligados à mídia tradicional.[RESULTADOS] A análise do material empírico recolhido pautou-se na discussão trazida pelo referencial teórico, possibilitando que os conceitos descritos em um primeiro momento pudessem ser observados na prática. Desta forma, discursos extremistas na conjuntura antipetistas puderam ser exemplificados e categorizados de acordo com o referencial teórico, assim como a influência de páginas de Facebook, de movimentos sociais e de publicistas na movimentação extremista estudada. [CONCLUSÃO] Conclui-se, a partir disso, que o consumo de informações através da internet e a propagação de formações discursivas semelhantes por diversos atores ligados à vivência desse público – páginas de Facebook, movimentos sociais e publicistas em diversos meios de comunicação - criam condições para o surgimento de uma confiança irrestrita nos pontos defendidos, o que pode resultar em comportamentos extremistas. Além disso, percebe-se que os padrões encontrados no discurso da população não surgem de forma totalmente espontânea, mas fazem parte da conjuntura na qual esses grupos estão inseridos.

Departamento: 

GEP

Anexos: