OS SENTIDOS DO TRABALHO NA EMPRESA CAPITALISTA

Autor(es): 

Luiza Bueno Penteado de Moraes Natividade - Orientadora: e Profª Silvia Viana Rodrigues

Ano: 

2015

[INTRODUÇÃO] Conceito polissêmico, o sentido do trabalho é socialmente construído e assume interpretações, justificações e valorações múltiplas ao longo da ordem histórica. Expressão da forma como os homens se relacionam entre si e do modo de produção vigente, o sentido do trabalho e suas visões se reproduzem nos discursos da empresa contemporânea e configuram novas relações na esfera do trabalho. O presente estudo tem como objetivo a apreensão das transformações dos sentidos conferidos ao trabalho bem como suas implicações na nova dinâmica da organização flexível. Nesse contexto, sua pergunta-chave é: em meio ao paradoxo entre autonomia, contida por trás da ideia de flexibilização, e a heteronomia do trabalho para o capital, pode-se dizer que os sujeitos mudaram o sentido atribuído ao trabalho em suas vidas? [METODOLOGIA] Esta pesquisa foi estruturada em torno de um panorama histórico para se pensar a questão dos sentidos atribuídos ao trabalho: do capitalismo concorrencial à contemporaneidade. São consolidados, dessa forma, os conceitos estudados e os diferentes caminhos que foram percorridos em busca de uma resposta para o problema de pesquisa proposto. Para tanto, este trabalho limita-se à análise de textos teóricos estudados através da sociologia compreensiva e de textos da sociologia do trabalho. [RESULTADOS] Da transição do capitalismo do tipo moderno do século XIX para o atual regime de acumulação flexível, a organização do trabalho passou por uma série de reorientações de sentidos para que as prerrogativas de sobrevivência do capital pudessem se efetivar. Foi necessário, para tanto, um corpus de valores e de justificações externos a ele, um quadro que legitime o engajamento dos sujeitos em suas realizações e a adesão desses a essa lógica. Mais que isso, um quadro – sob a égide dos discursos de autonomia – do qual emane o sentido de suas vidas, o trabalho. Dessa maneira, pode-se afirmar que vida e trabalho tornaram-se redutíveis um ao outro, uma vez que não a mais distinção entre tempo de produção e tempo de não trabalho. Com efeito, perdeu-se, nessa indistinção, o sentido qualitativo do tempo humano e as experiências vividas pelos sujeitos são empobrecidas, um vazio que se apresenta como espaço de autonomia, mas que é vivido como trabalho entediante. [CONCLUSÃO] Na sociedade capitalista em que tudo é mediado pelo mercado, o trabalho é categoria central, pois, uma vez cristalizado na esfera da circulação, troca-se tudo, por tudo. Dos objetos à socialização. O que deveria ser meio de sobrevivência tornou-se fim em si, auto justificável. Essa centralidade do trabalho é apreendida como natural e imutável, à semelhança de uma religião e, dessa maneira, os sujeitos devem trabalhar sob as leis “divinas” do capital. Assim, a razão pela qual os sujeitos submetem-se a isso reside, portanto, na pretensa autoafirmação de autonomia, ao passo que os indivíduos continuam submetidos a um trabalho heterônomo, um trabalho que se afirma livre e que, conscientemente, sabe que não o é.

Anexos: