OS ROLEZINHOS E SEUS ASPECTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS

Autor(es): 

Thales Martini Bueno - Orientador: Prof. Cláudio Gonçalves Couto

Ano: 

2015

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O presente trabalho tem como objetivo analisar o fenômeno urbano dos Rolezinhos sob a ótica das relações entre classes sociais no Brasil. Após o desconforto do pesquisador em relação a cobertura midiática à cerca dos Rolezinhos e da ausência de pesquisas empíricas sobre o fenômeno, viu-se na iniciação científica uma oportunidade para tentar responder e verificar empiricamente quem são esses jovens, o porquê dos Rolezinhos e como encontros marcados via Facebook conseguiram atrair milhares de jovens e mobilizar a atenção da sociedade. [METODOLOGIA] Após perceber que ao tentar abarcar aspectos culturais, econômicos e sociais dos Rolezinhos seria difícil definir um foco para pesquisa, optou-se pelo foco na análise do fenômeno sobre a ótica das relações entre classes sociais no Brasil. Para isso, Bourdieu, Jessé de Souza e Stanley Cohen foram os autores que serviram como base científica para construção do referencial teórico. Com objetivo de verificar empiricamente os argumentos levantados durante a construção do referencial teórico foram feitas quatro idas à campo.  Parque do Ibirapuera, Pirituba e Cohab Taipas foram os locais onde aconteceram os Rolezinhos analisados vivenciados. [RESULTADOS] Concluída a etapa empírica da pesquisa, verificou-se que Rolezinhos localizados em regiões periféricas tendem a atrair apenas a população que mora nas proximidades do evento. Famosinhos, que são jovens frequentadores dos Rolezinhos e que possuem grande popularidade nas redes sociais, são os principais articuladores dos eventos e são responsáveis diretos pelo êxito ou fracasso dos mesmos em termos de quantidade de jovens. Segurança e localização foram os fatores que, na visão dos jovens, fizeram  com que os Rolezinhos ocorressem majoritariamente em Shoppings Centers da grande São Paulo. A criação do Rolezinho da Cidadania foi a solução encontrada pela Prefeitura de São Paulo em parceria com a Associação Rolezinho a Voz do Brasil para diminuição da incidência de Rolezinhos realizados em Shoppings Centers.  O Funk Ostentação, apesar de parecer uníssono, não é estilo musical mais ouvido por esses jovens. A ascensão da música eletrônica e o declínio do sucesso da vertente Ostentação foram fatores verificados durante a pesquisa de campo.  [CONCLUSÃO] Após um ano de pesquisa, uma série de visões pré concebidas à cerca do fenômeno e de seus atores principais foram modificadas. Apesar dos Rolezinhos continuarem a ocorrer, os eventos realizados em 2015 já não atraem a mesma quantidade de jovens em comparação com os eventos que ocorreram no final de 2013 e início de 2014. A criação da política pública Rolezinho da Cidadania, pode ser classificada com uma política  bottom up uma vez que os atores que estão no foco da ação possuem ampla discricionariedade,  sendo responsáveis diretos pela implementação e, consequentemente, êxito ou fracasso da política. O fator “ser famosinho” é muito mais relevante que a simples ostentação de bens materiais quando se trata da conquista de status interno no grupo. As redes sociais, em especial o Facebook é não só o principal meio de divulgação dos eventos como também é o espaço virtual responsável pela conexão e pertencimento desses  jovens. Os Shoppings Centers, que foram supostamente os principais “prejudicados” pelos eventos, até a conclusão da pesquisa, não haviam apoiado o projeto Rolezinho da Cidadania e tampouco propuseram soluções alternativas.

Departamento: 

GEP

Anexos: