OS PRINCIPAIS DESAFIOS DA REPRESENTAÇÃO DE MULHERES NA POLÍTICA: DA CANDIDATURA À EXECUÇÃO DO TRABALHO LEGISLATIVO

Autor(es): 

Valentina Rollo Mansur de Toledo Piza - Orientadora: Profa. Lilian Furquim de Campos Andrade

Ano: 

2019

[INTRODUÇÃO] O Brasil é um dos países com menor participação de mulheres nas Câmaras Legislativas segundo dados do Women in National Parliaments. A primeira questão que podemos fazer é por que? O que há de diferença na carreira política que atrai tão poucas mulheres? As autoras Krook e Norris (2014) oferecem um modelo de análise que nos auxilia a responder esta pergunta. O modelo possui três momentos: a tomada de decisão da mulher em entrar para a política, a viabilidade enquanto candidata e atividade depois de eleita. Para verificar se os obstáculos indicados pelas autoras para a participação política de mulheres podem ser identificados no caso brasileiro, foi feito um estudo de caso com a Câmara de Vereadores da Cidade de São Paulo. Entre os objetivos das entrevistas realizadas com as vereadoras estão descobrir quais os motivos que levaram as mulheres a ocuparem o papel de representantes na política, qual o perfil dessas mulheres e quais as principais dificuldades que elas enfrentam para se candidatarem e para exercerem a função legislativa dentro da Câmara dos Vereadores de São Paulo. [METODOLOGIA] A abordagem geral deste estudo é qualitativa, uma vez que o foco é em entender as dificuldades da participação de mulheres na política, considerando-se desde a decisão de concorrer até o exercício do mandato. Para tanto, foi realizada uma análise teórica aprofundada do tema, além de entrevistas - cujo roteiro foi baseado no modelo de Krook e Norris e na pesquisa prévia feita sobre as entrevistadas - com vereadoras que exercem o cargo atualmente na Câmara Municipal de São Paulo, qualificando um estudo de caso único. A partir disso, pretendeu-se verificar de que forma as sugestões teóricas se refletem no caso brasileiro, mais especificamente em São Paulo. [RESULTADOS] A partir das entrevistas, notou-se que a existência de conhecidos e/ou familiares na política ainda é uma ferramenta importante para quem deseja entrar para a política. Não houve consenso sobre a importância da questão de gênero no que se refere às dificuldades enfrentadas no processo de entrada para o mundo da política. Nos grandes partidos, como PT e PSDB, a viabilidade das candidaturas depende do apoio de figuras importantes de dentro do partido. Os programas de incentivo dos partidos a candidaturas de mulheres são recentes e ainda insuficientes. O processo de familiarização com o funcionamento da Câmara Municipal constitui uma grande dificuldade para mulheres que estão entrando para a política. Há uma certa hostilidade dos homens em relação às mulheres na Câmara Municipal. A relação entre as mulheres é respeitosa, embora não haja uma atuação conjunta muito consistente. As vereadoras entrevistadas demonstram ter uma preocupação em tratar de questões caras às mulheres. Elas também defendem a importância da presença de mais mulheres na política, com justificativas muito variadas. [CONCLUSÃO] Em conformidade com a teoria de Nancy Fraser, as demandas por redistribuição e reconhecimento aparecem constantemente quando se estuda a dimensão da representação. A discussão sobre representação substantiva e/ou descritiva está presente também nos resultados coletados das entrevistas, na medida em que, apesar do consenso de que é importante haver mais mulheres na política, as razões para isso divergem. O argumento central de Krook e Norris (2014) de que é preciso adotar diferentes estratégias combinadas para promover a equidade de gênero na política, dado a multidimensionalidade da questão, é confirmado pelas entrevistas realizadas no âmbito deste estudo.

 

 

 

Departamento: 

FGV EESP

Anexos: