O SURGIMENTO DE PONTOS DE CULTURA NAS ORGANIZAÇÕES

Autor(es): 

Beatriz Negri Nunes de Abreu - Orientador: Mario Aquino Alves

Ano: 

2016

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O objetivo primordial da pesquisa proposta é analisar o surgimento e o desenvolvimento de Pontos de Cultura em organizações de diversas naturezas, a fim de compreender como esse processo ocorre e quais as suas motivações. A política de pontos de cultura, inserida no Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura, opera em uma lógica de valorização e empoderamento de organizações já existentes a fim de fortalecê-las e potencializa-las em suas áreas e temáticas de ação. Dessa forma, o Programa valoriza e incentiva a diversidade gerando desenvolvimento e indo contra uma lógica de “mercado cultural” muito difundida durante a década de 80. Assim, a pesquisa se voltará a compreender como organizações de origens distintas desenvolvem os valores e os conceitos defendidos pelo Cultura Viva. [METODOLOGIA] A pesquisa é dividida em três grandes blocos. Primeiramente, uma parte bibliográfica que reúne a apresentação do Programa Cultura Viva e dos pontos de cultura, abrangendo sua estrutura ideológica e seu processo de implementação, além de um panorama histórico de políticas culturais em âmbito global e no Brasil. A segunda parte, reúne entrevistas, experiência de campo e pesquisas externas das duas organizações escolhidas: a Ação Educativa e na Associação Cultural Recreativa Esportiva Bloco do Beco. As organizações foram selecionadas devido à seus contrastes de históricos. A primeira, Ação Educativa, foi desenvolvida inicialmente preocupando-se com a questão da educação, e a segunda, Bloco do Beco, foi fundada já desenvolvendo e executando ações de cunho cultural. As entrevistas foram desenvolvidas e analisadas por uma perspectiva qualitativa e o instrumento para coleta de dados foi um questionário estruturado previamente. [RESULTADOS] As entrevistas mostraram que o Programa Cultura Viva e a política de pontos de cultura tem um papel muito importante em impulsionar o crescimento de várias organizações em direção à seu objetivo principal: ter a cultura como direito do cidadão, valorizando a diversidade e garantido o acesso. Dessa forma, organizações que não possuíam um histórico cultural latente a principio (como a Ação Educativa) são incentivadas a desenvolver essa área e se estruturar de fato, desenvolvendo legitimidade enquanto espaço cultural. Quanto às organizações que se fundam no meio cultural (como a Associação Cultural Recreativa Esportiva Bloco do Beco), a política também traz fortalecimento e recursos necessários, principalmente às organizações de regiões periféricas onde os recursos e aparatos culturais são mais escassos. [CONCLUSÃO] A conclusão do presente trabalho, foi construída a partir do conceito de legitimidade. A partir de uma analise comparativa entre características consideradas relevantes das duas organizações estudadas, foi proposta uma conclusão relacionando as origens das organizações, o papel da política de pontos de cultura e do Programa Cultura Viva em cada uma e por fim, como esses espaços se legitimam na cultura. Entende-se que a Ação Educativa se desenvolve e se estrutura de fato, com o título de ponto de cultura. A comunicação com outros pontos de cultura, atrelada a um reconhecimento e uma credibilidade proporcionada pela política, proporcionam essa legitimação. No caso do Bloco do Beco, entende-se que a legitimidade é preexistente à política, devido a sua formação e por um engajamento comunitário. Dessa forma, pode-se inferir que a política de pontos de cultura nessa organização não tem um papel estrutural, mas sim fortalecedor dessas ações e do direito a cultura.

 

 

Departamento: 

GEP

Anexos: