Autor(es):
Ano:
[INTRODUÇÃO] O Jogo do Ultimato apresenta uma situação em que um jogador estabelece todos os aspectos de um acordo e o outro jogador pode aceitar o rejeitar (Güth and Kocher, 2013). O primeiro jogador recebe um valor inicial e divide entre ele e o segundo jogador, que deve aceitar ou rejeitar a proposta. Caso seja rejeitada, ambos jogadores não recebem nada. Assim, quando há assimetria de informações, o primeiro jogador é capaz de manipular o outro a pensar que o valor inicial foi menor e que sua proposta é mais justa do que realmente é. Essa manipulação pode ser explicita, por meio de mensagens disponibilizadas no experimento, ou de forma implícita, fazendo uma proposta que de a entender que o montante era menor do que a realidade. De qualquer maneira, pela Teoria dos Jogos, o equilíbrio seria que o segundo jogador aceitasse qualquer proposta maior que zero, pois sua recompensa seria maior do que rejeitando a proposta. Assim, o primeiro jogador deveria sempre fazer a menor proposta maior que zero possível a fim de obter a maior recompensa. Entretanto, os resultados experimentais apontam que em geral as propostas são de 40-50%, e essas são aceitas na maioria das vezes (Güth and Kocher, 2013). Com nosso experimento, esperamos encontrar que o tamanho do incentivo financeiro será relevante para o uso de manipulação e que a assimetria de informação será benéfica para o jogador mais bem informado. [METODOLOGIA] Foi realizado um experimento com 500 estudantes de graduação que foram divididos em 2 tratamentos e 3 montantes iniciais diferentes. No tratamento com comunicação, o propositor enviava uma mensagem enunciando o valor inicial, sendo o verdadeiro ou não. No segundo tratamento, os jogadores não podiam se comunicar. Os receptores não sabiam o valor inicial verdadeiro, apenas quais eram possíveis e a probabilidade de cada um. A distribuição de probabilidades era: 50% de chance de receber R$10, 25% de receber R$20 e 25% para R$50. Foram coletados dados com os valores ofertados, se a proposta foi aceita ou não e a crença dos jogadores em relação a proposta. A partir desses dados foram criados modelos para entender se incentivos financeiros maiores levam a propostas expropriatórias e se a manipulação efetiva e benéfica em situações com assimetria de informações para os jogadores mais bem informados. [RESULTADOS] No tratamento sem comunicação os jogadores são menos propícios a fazer propostas injustas (menor que 50%), então jogadores são inclinados a aproveitar a assimetria de informação para se beneficiar. Entretanto, mesmo com disparidade de informações, receptores são menos propensos a aceitar propostas pequenas, fazendo com que muitos propositores não se beneficiem. Além disso, ofertas extremas foram mais frequentes quando o valor inicial era R$20 do que quando era R$ 30. Ou seja, o incentivo financeiro maior não levou a divisões mais egoístas. [CONCLUSÃO] Pela Teoria dos Jogos, a capacidade dos propositores de enganar receptores é a mesmo tento ou não comunicação (Kriss, et al., 2013). Entre tanto, encontramos que a comunicação faz com que as ofertas sejam mais justas, o que pode ser causado pelo custo psicológico de mentir. Além disso, jogadores não se beneficiaram da manipulação implícita, e receptores eram mais propensos e rejeitar propostas injustas.