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[INTRODUÇÃO] Existem diversos motivos pelos quais o início da carreira da mulher jovem brasileira deve ser pesquisado e analisado. De fato, apesar de existirem sinais de que as grandes desigualdades entre os gêneros estejam menos críticas do que no passado, o mundo do trabalho continua a ser definido por padrões masculinos. Nesse sentido, o presente estudo pretende investigar o início da carreira de mulheres jovens brasileiras, com idade entre 21 a 30 anos, em/com formação acadêmica, compreendendo as barreiras, os desafios e as oportunidades enfrentadas por elas, quando da entrada no mercado de trabalho. Pretende-se, portanto, identificar a influência da idade e do gênero na contratação e permanência na organização, bem como as estratégias utilizadas pelas mulheres jovens para lidar com os preconceitos que enfrentam. [METODOLOGIA] Para a operacionalização deste estudo, foi realizada uma pesquisa qualitativa através do método de Entrevistas em Profundidade e uma posterior discussão de resultados através de uma Análise Temática. Foram realizadas quinze entrevistas semi-estruturadas, precedidas de três pré-testes que permitiram aperfeiçoamento do roteiro e especificação do perfil das entrevistadas. Para potencializar o impacto das entrevistas, foi realizada uma vasta análise documental, através da qual a pesquisadora entrou em contato com as teorias que possibilitaram a criação de um roteiro coerente com a realidade e alinhado aos objetivos do estudo. Por fim, a Análise Temática realizada a partir da transcrição das entrevistas serviu para a criação de unidades de significados que oferecem indícios à resposta da pergunta de pesquisa. Os grandes temas criados foram: “O início da carreira”, “Etarismo por parte da organização”, “Incorporação do etarismo” e “Estratégias de Credibilidade”. [RESULTADOS] Ao analisar as entrevistas pôde-se perceber que existem diversas dificuldades e oportunidades enfrentadas em decorrência do gênero e da idade pelas jovens. Como resultado do gênero, percebe-se a crescente receptividade das organizações às mulheres, apesar de diversos recrutadores preferirem homens. Por outro lado, existe uma maior pressão sobre estas funcionárias, uma vez que qualquer erro cometido por elas é potencializado, o que não ocorre com homens. Sobre os impactos da idade, as entrevistadas sentem uma maior receptividade das empresas a funcionários jovens para cargos baixos, como de estagiários. Entretanto, ainda para estes cargos o nível dos pré-requisitos para a vaga de trabalho são muito altos, dificultando que muitos consigam um emprego rapidamente. Ademais, é importante ressaltar que as entrevistadas acreditam sofrer mais os efeitos do etarismo do que os homens, especialmente em decorrência da sua aparência física. Desta forma elas contam suas estratégias para se desviar deste preconceito: falar mais firme, vestir roupas mais masculinas, usar salto alto, prender o cabelo e usar óculos, ainda que sem uma necessidade física. [CONCLUSÃO] A partir dos dados coletados foi possível compreender que os impactos do gênero (positivos e negativos) são bastante latentes já na etapa dos processos seletivos de estágio, ao passo que os da idade expressam-se mais após a contratação da jovem e são negativos, resultantes do etarismo. Ademais, as preocupações decorrentes da idade são extremamente elásticas, variando de acordo com a proximidade aos trinta anos, quando a questão da maternidade começa a ser considerada. Diante de todo o exposto é possível perceber a relevância deste trabalho, que buscou reduzir a lacuna teórica sobre os obstáculos enfrentados, em decorrência da idade e do gênero, pelas jovens mulheres, no momento em que iniciam sua vida profissional.