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[INTRODUÇÃO] Em virtude das mudanças macroeconômicas que o Brasil viveu a partir dos anos 90, principalmente após a abertura da economia e o conseqüente acirramento da concorrência, a administração financeira das empresas brasileiras sofreu profundas mudanças para adaptar-se ao novo panorama. Este trabalho tem por objetivo analisar as decisões de abertura de capital social, procurando avaliar as causas e conseqüências desta opção estratégica de financiamento. [METODOLOGIA] Inicialmente, pesquisaram-se na CVM quais empresas abriram o capital social em 1993, 1994 e 1995. Com o resultado em mãos (17 empresas), procedemos à limitação da amostra, que obedeceu ao seguinte critério: seriam analisadas empresas que apresentassem faturamento superior a US$ 1 bilhão, pois estas estariam inseridas no conjunto das 50 maiores empresas brasileiras, segundo ranking da revista “Exame Maiores e Melhores de 1996” e, portanto, seguramente, destacavam-se no mercado nacional. Assim, nossa amostra limitou-se à Cia. Brasileira de Distribuição S.A., BR Distribuidora S.A., Makro Atacadista S.A. e Companhia Siderúrgica Paulista S.A. (Cosipa). Em seguida, realizou-se a análise das Demonstrações Financeiras destas empresas, sob a luz de índices econômicos e financeiros calculados a partir de seus relatórios. [RESULTADOS] Foi constatado que a abertura de capital social se deu na tentativa de otimizar o gerenciamento do capital circulante líquido, ou seja, do capital de giro das empresas. Assim, no exercício da abertura de capital social, percebe-se que o objetivo, na maioria das empresas analisadas, foi alcançado; entretanto, não foi mantido em muitas delas. Com a abertura de capital social, o passivo financeiro oneroso de curto prazo deveria se reduzir e permanecer declinante, fato que se refletiria em despesas financeiras menores. Entretanto, percebe-se que a alocação dos recursos oriundos da abertura de capital social foi realizada de maneira errônea, pois conservou uma estrutura de capital ainda onerosa. Ao que parece, dadas as elevadíssimas taxas de juros de curto prazo vigentes no Brasil, as empresas captaram recursos via abertura de capital (cujo custo financeiro é muito menor) para solucionar problemas imediatos de liquidez. Assim, os recursos ingressantes apenas postergaram o problema, em vez de atacá-lo em sua gênese. Os passivos onerosos de curto prazo mantiveram-se, proporcionalmente, ou até mesmo se elevaram, em todos os casos estudados. [CONCLUSÃO] A administração financeira das empresas brasileiras mostrou-se estrategicamente pouco preparada para enfrentar novos cenários competitivos, em âmbito mundial. A administração da estrutura de capital dessas empresas mostrou-se desnorteada, carente de políticas e metas definidas de longo prazo, estruturada exclusivamente nas falácias do dia-a-dia, que, evidentemente, não orientam de forma precisa os rumos financeiros que uma grande empresa deve adotar.