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[INTRODUÇÃO] Na década de 80, o sucesso das empresas japonesas em relação aos seus concorrentes mundiais atraiu a atenção do mundo empresarial e acadêmico para suas técnicas aplicadas nas áreas operacionais visando à qualidade e a eficiência na produção. Gestores e pesquisadores acadêmicos do mundo inteiro começaram a analisar e aplicar metodologias orientais como, por exemplo, o Kaizen e a partir desse momento diversos modelos conceituais sobre a melhoria contínua foram criados, tornando este assunto um dos principais objetos de pesquisa na década de 80 e 90. Quase trinta anos depois, ainda há fortes evidências dessas formas de produção japonesa nas organizações. Como as firmas necessitam melhorar constantemente para criar ou, pelo menos, para não ficar para trás em um ambiente competitivo a melhoria contínua pode ser considerada como uma capacidade essencial da firma nesta perspectiva. Apesar do avanço do conhecimento nesta área de pesquisa, diversos questionamentos ainda persistem, entre essas incompreensões, pode-se citar o papel das variáveis contingenciais na criação da capacidade de melhoria contínua nas empresas. Nesse âmbito, o objetivo específico do trabalho visou compreender, mediante estudos de caso, a influência das variáveis contingenciais no desenvolvimento da capacidade de melhoria contínua [METODOLOGIA] Primeiramente, foi realizada a leitura da literatura disponível sobre temas como: histórico da melhoria contínua e a sua definição, a definição da capacidade sob ótica da visão baseada em recursos, a dinâmica do desenvolvimento da capacidade de melhoria contínua e definição das variáveis contingenciais. Em seguida, foram selecionadas três empresas para compor o estudo de casos, sendo uma empresa de referência em capacidade melhoramento contínuo e duas outras com evidências desta capacidade. As entrevistas foram multi-hierarquicas, seguindo roteiro semi-estruturado, gravadas e transcritas. Complementando as entrevistas, observações técnicas foram realizadas posteriormente. Na etapa seguinte, foram analisadas as relações das variáveis contingenciais investigadas – Estrutura Organizacional, Estratégia de Operações e Ferramenta Auxiliadora – com o desenvolvimento da capacidade de melhoria contínua. Para a análise empregou-se a transformação quali/quanti seguindo o método similar ao do Premio Nacional da Qualidade; também houve triangulações entre dados qualitativos e quantitativos. [RESULTADOS] Verificou-se que a capacidade de melhoria contínua se desenvolve de forma mais consistente quando a empresa incorpora a cultura participativa e envolvimento ativo dos funcionários. Além disso, notou-se que a estrutura organizacional pode estar bem definida, mas a transmissão pouco clara de objetivos e de alinhamento influenciou de forma negativa o desenvolvimento da capacidade estudada. Em relação à estratégia operacional, percebeu-se que aquelas empresas que produzem em lotes pequenos e seriados tiveram maiores oportunidades de aprendizagem comparado às empresas voltadas para execução de projetos de longo tempo de implementação. Por fim, notou-se que a ferramenta auxiliadora potencializa o desenvolvimento da capacidade de melhoria contínua quando a organização já tiver incorporado o conceito participativo da melhoria contínua. [CONCLUSÃO] Este trabalhou concluiu que a variável Estratégia de Operações assim como a Estrutura Organizacional influenciam na criação de um ambiente para desenvolvimento da capacidade de melhoria contínua e que a ferramenta auxiliadora só será útil quando há um planejamento com estratégias claras, de uma estrutura organizacional bem definida e de uma boa relação entre todos os envolvidos no processo. Além disso, é necessário que os funcionários acreditem que a contribuição individual de cada um é decisiva para impactar positivamente o resultado. Por fim, a melhoria contínua é um processo de longo prazo e exige um alinhamento estratégico da organização.