FUNDOS MULTIMERCADOS BRASILEIROS: AVALIAÇÃO POR ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS (DEA)

Autor(es): 

Leonardo Bianconi Pinto - Orientador: Prof. Gustavo Correa Mirapalheta

Ano: 

2015

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O presente trabalho objetiva analisar a indústria brasileira de fundos multimercados por meio de Análise Envoltória de Dados (DEA). Este modelo é relevante para a indústria a partir do pressuposto de que os fundos multimercados atuam como Hedge Funds, ao menos em momentos de baixa, em se tratando de estratégias de investimento e consequentemente da abnormalidade de seus retornos. Desta forma, a metodologia de DEA, amplamente utilizada na avaliação de Hedge Funds, pode ser aplicada na crescente indústria brasileira de forma a servir como ferramenta de avaliação complementar as tradicionais. Ademais, com o auxílio da DEA, a indústria brasileira fora comparada com a tradicional indústria de Hedge Funds. [METODOLOGIA] A metodologia aplicada nesta pesquisa é baseada em Gregoriou e Zhu (2005). Devido a abnormalidade dos retornos de Hedge Funds, a sua inclusão em carteiras de investimento tradicionais tende a aumentar o excesso de curtose e a assimetria de seus retornos, fazendo com que eventos extremos sejam mais comuns em carteiras com investimentos desta classe. (Fung e Hsieh, 1997 e 2000). A análise envoltória de dados (Data Envelopment Analysis – DEA) é um método orientado a dados utilizado para avaliar o desempenho de “unidades de tomada de decisão” (Decision making Units – DMU’s). Neste trabalho, as DMU’s são fundos multimercados. A análise é feita por meio da ponderação e conversão de múltiplas entradas e saídas em uma nota que refere-se ao desempenho da DMU dadas às entradas e saídas especificadas. O modelo requer poucas premissas possibilitando o seu uso em casos que apresentam inconsistências com outras técnicas devido a complexa e às vezes desconhecida natureza das relações entre as medidas. (Gregoriou e Zhu, 2005). A aplicação do DEA resulta em uma fronteira eficiente de DMU’s. As unidades que compõe esta fronteira são as mais eficientes para às medidas de performance e nenhuma outra analisada possibilita uma melhor combinação entre estas. As entradas escolhidas foram: Desvio padrão médio mensal no período de 1 ano; Desvio padrão médio mensal no período de 2 anos; Desvio mensal das perdas no período de 2 anos. As saídas escolhidas foram: Retorno médio mensal no período de 1 ano; Retorno médio mensal no período de 2 anos; Ganho médio mensal no período de 2 anos; Retorno anual composto mensalmente no período de 2 anos; Porcentagem de meses com retornos positivos no período de 2 anos; Máxima sequência de retornos mensais positivos no período de 2 anos. O modelo foi aplicado em duas fases. Na fase 1, a aplicação foi feita nos fundos multimercados brasileiros no período que compreende Janeiro de 2013 a Dezembro de 2014. Na fase 2, o método fora utilizado para comparar o desempenho dos fundos multimercados brasileiros com os Hedge Funds e Funds of Hedge Funds da base de dados da Bloomberg de maneira a compreender o desempenho da indústria brasileira em relação a tradicional de Hedge Funds. [RESULTADOS] A hipótese de comportamento semelhante em Fundos Multimercados e Hedge Funds foi confirmada com o auxílio de testes de normalidade dos retornos mensais em ambas indústrias. Notou-se valores p baixos para ambas indústrias quando seus fundos foram comparados com distribuições normais de mesma média e desvio padrão (valores inferiores a 0,5% em diversos casos). Assim, deu-se continuidade a aplicação do modelo de Envoltória de Dados. O modelo de envoltória de dados foi aplicado aos fundos selecionados nas duas fases descritas resultando nas fronteiras de eficiência para as duas fases. A fronteira de eficiência para os fundos multimercados é composta por 25 fundos. Seis fundos foram utilizados mais de 100 vezes como benchmark para os demais. A fronteira de eficiência para os Hedge Funds é composta por 31 fundos e nota-se a predominância de três fundos como benchmark, sendo utilizados mais do que 1.000 vezes. Na segunda fase, 30 fundos compõem e fronteira de eficiência, sendo 15 Hedge Funds e 15 fundos multimercados. Entre os 50 melhores colocados, notamos leve predominância dos fundos multimercados brasileiros, 29 ante a 21 Hedge Funds e Funds of Hedge Funds. [CONCLUSÃO] A aplicação do DEA mostrou-se relevante dada a abnormalidade dos retornos. Na primeira fase, notou-se na indústria brasileira predominância de duas classes de multimercados na fronteira de eficiência (Estratégia Específica e Macro). Ao comparar as indústrias, notou-se que a brasileira tem desempenho equivalente a tradicional de Hedge-Funds. Ademais, a DEA mostrou-se relevante ao campo de estudos em diferentes frentes e espera-se que a mesma seja aprofundada na literatura brasileira de avaliação de fundos de investimento.

Departamento: 

IMQ

Anexos: