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[INTRODUÇÃO] Um delineamento mais profundo do desenvolvimento e das tendências da força de trabalho no Brasil faz-se importante na medida em que pode determinar a maneira pela qual evolui a eqüidade econômico-social no país. A identificação de padrões na composição histórica e atual da força de trabalho brasileira proporciona um panorama para a gestão pública e privada e possibilita a comparação com outros países da economia global. Assim, o presente estudo procura descrever a hodierna situação do país, contrastando-a com os Estados Unidos para que se identifique até que ponto há similaridades no desenvolvimento de ambos. Procura-se ainda o reconhecimento dos principais fatores que determinam a ocupação de um indivíduo no Brasil para que, a partir de então, seja possível a criação de uma perspectiva para o futuro da força de trabalho no país. [METODOLOGIA] Uma revisão bibliográfica é a base para a constatação das realidades no Brasil e nos Estados Unidos de forma a propiciar uma análise histórica e evolutiva dos dois países. Aprofunda-se o estudo, então, no caso brasileiro, com o ajuste de regressões logísticas nos microdados de Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) para que se defina a influência que variáveis como sexo e raça exercem sobre a condição de ocupação de indivíduos no mercado de trabalho. [RESULTADOS] A revisão bibliográfica revelou que, apesar de taxa de desocupação no Brasil ser, em 2004, quase o dobro em relação à americana, há similaridades no desenvolvimento recente da força de trabalho nos dois países. A inserção das mulheres no mercado de trabalho se dá com rapidez em ambos; observa-se o envelhecimento da mão-de-obra também nos dois. Há, também, diferenças, como o efeito oposto que a liberalização dos mercados proporcionou aos países: enquanto houve uma qualificação do trabalho nos EUA; no Brasil, o impacto foi contrário. A análise das regressões mostrou, basicamente, que no Brasil está ocorrendo um agravamento das desigualdades ao longo do tempo no que tange à elegibilidade a uma ocupação no mercado de trabalho. Características como sexo e raça mostraram-se impactantes, já que revelam o fato de que homens possuem uma chance maior de obter uma ocupação, assim como brancos são favorecidos em relação a negros. A escolaridade mostrou não influenciar a probabilidade de possuir uma ocupação. Ainda, a idade dos indivíduos impacta igualmente pouco ao longo da década para a conquista de um emprego. [CONCLUSÃO] O Brasil persiste marcado por grandes disparidades quanto a negros e brancos, homens e mulheres. Anos de estudo, apesar de serem importantes para a obtenção de um emprego mais qualificado, não são fundamentais para a obtenção de uma ocupação, tal a influência da informalidade, que chega a 47% no mercado brasileiro. A crescente importância dos trabalhadores do setor de serviços é comum tanto ao Brasil quanto aos Estados Unidos, mudando o perfil da força de trabalho e contribuindo para a inclusão de mulheres e idosos no mercado. A globalização, no entanto, trouxe resultados díspares, em um primeiro momento. A resultante desqualificação dos trabalhadores no Brasil contrasta com a qualificação dos estadunidenses. O progresso econômico de ambos depende da contínua adaptação e capacitação de suas forças de trabalho, sendo isto indispensável para a promoção das condições necessárias ao desenvolvimento de países mais justos e igualitários.