ESQUERDA E DIREITA AINDA SÃO CONCEITOS VÁLIDOS?

Autor(es): 

Danielle Fabian Fiabane - Orientador: Prof. Ruben Keinert

Ano: 

1999

Instituição: 

FGV

[INTRODUÇÃO] A derrocada do socialismo soviético e a falta de uma alternativa suficientemente amadurecida para se contrapor à essa supremacia do capitalismo têm levado a conclusões - talvez apressadas - sobre o fim do debate ideológico e da oposição entre Esquerda e Direita (FUKUYAMA). Procurou-se então definir a validade da utilização da dicotomia atualmente, tendo como base o fato de que vivemos um momento histórico completamente diverso daquele existente na fase de concepção dessa idéias. O mundo mudou muito nos últimos 100 anos. Historiadores como Eric Hobsbawm chegam a afirmar que "em fins da década de 80 e início da década de 90 uma era se encerrou e outra nova começou". Sendo assim, ainda é válido falar em Esquerda e Direita? Quais são então as definições destes termos? [METODOLOGIA] Para fins de analisar completamente a evolução dos conceitos de Esquerda e Direita, optou-se por realizar um estudo histórico cronológico iniciado no período da Revolução Francesa, berço do dualismo político sendo classificado pelos conceitos aqui discutidos. Então, buscou-se indicar, nas fases marcantes da história mundial, os sentidos atribuídos à Esquerda e à Direita. O próximo passo consistiu na elucidação do momento econômico e social atual vivido em meio à globalização. Através da apresentação das principais posições políticas desta década, definiu-se o enquadramento das mesmas na bipolaridade analisada. Tendo feito um estudo teórico das diversas definições da essência do significado da dicotomia, chegou-se então em posição que possibilitou julgamento a respeito da validade da utilização dos conceitos de Esquerda e Direita e entendimento dos significados que a eles se pode atribuir de acordo com a realidade histórica vivida atualmente. [RESULTADOS] Durante a Revolução Francesa, a dicotomia nasceu de uma função espacial que distinguia os que defendiam o direito do povo e a democracia e sentavam-se à Esquerda do presidente da Assembléia Nacional dos que defendiam os direitos da realeza e o conservadorismo e sentavam-se à Direita do mencionado presidente. Desde então, as palavras Esquerda e Direita passaram a ser usadas para descrever posições políticas opostas arraigadas nas teorias fundamentais do comunismo de Marx e do liberalismo de Smith, respectivamente. A bipolaridade atingiu seu ápice na Guerra Fria. Com o fim da URSS a oposição entre o capitalismo e o comunismo acabou levando à menor polarização da dicotomia de Esquerda versus Direita. Atualmente, os sentidos são renovados apontando, com a permissão de uma simplificação, para uma Esquerda que prioriza o social, a comunidade sem perder de vista o econômico (terceira via) e uma Direita que subordina o social ao econômico e à competição, sem desvalorizá-lo, no entanto (liberalismo-social). [CONCLUSÃO] A utilização dos conceitos de Esquerda e Direita ainda demonstram ter validade. O importante é desvendar o contexto em que os conceitos são debatidos, pois só assim pode-se desvendar o seu significado neste momento da história. A dicotomia se desprendeu de seu significado de berço e conquistou vida própria, adaptável e imortal. Diversas definições já foram apresentadas por renomados historiadores, políticos, economistas e filósofos. Não considerou-se necessária a defesa de uma dessas definições. A sua aplicabilidade depende que sejam inseridas e argumentadas em seus contextos.

Departamento: 

ADM

Anexos: