ESPERANÇA DO CONSUMIDOR E PERCEPÇÃO DE RISCO

Autor(es): 

Leticia Boccomino Marselha - Orientador: Prof. Delane Botelho

Ano: 

2013

Instituição: 

FGV - EAESP

[INTRODUÇÃO] Esta pesquisa analisa de que maneira o grau de esperança do consumidor influencia seus níveis de percepção de risco e de ceticismo com relação às consequências de seus hábitos de consumo. Como objeto de estudo foi analisado o setor estético, com ênfase no ambiente de academias de ginástica e nos produtos consumidos por seus usuários, pois entende-se que há alto grau de esperança embutido no processo de obtenção do corpo idealizado e pautado em padrões de beleza socialmente criados, bem como risco e ceticismo possivelmente envolvidos em produtos estéticos potencialmente perigosos que visam a mudança corporal, tais como anabólicos, emagrecedores, termogênicos, aceleradores metabólicos, diuréticos, entre outros.  [METODOLOGIA] A pesquisa empírica foi dividida em duas fases. Na primeira, de natureza exploratória com abordagem qualitativa, foram realizadas entrevistas em profundidade para obter revelações pessoais mais aprofundadas sobre as experiências dos indivíduos nos ambientes de academias de ginástica. Este procedimento possibilitou a compreensão das variáveis e suas relações a serem estudas na segunda fase da pesquisa. Esta foi de natureza quantitativa, em que foi desenvolvido um experimento com desenho fatorial 2 (Esperança: alta e baixa) x 2 (Nível de informação: alto e baixo), intra-sujeitos, tendo como variáveis dependentes o “Ceticismo” e “Percepção de risco”. Após a coleta de dados por meio de questionários na plataforma Qualtrics, numa amostra de 190 universitários, procedeu-se a ANOVA para testar as hipóteses propostas (H1: A esperança reduz a percepção de risco; H2: A esperança reduz o ceticismo; H3: O nível de informação de um indivíduo modera a relação entre esperança e percepção de risco; H4: O nível de informação de um indivíduo modera a relação entre esperança e ceticismo).  [RESULTADOS] A confiabilidade das escalas (alfa de Cronbach) das variáveis dependentes e de controle (envolvimento do consumidor) foi satisfatória (acima de 0,7). H1 e H3 foram suportadas pela análise de variância, mas H2 e H4 foram rejeitadas. Isto demonstra que a esperança reduz a percepção de risco e que o nível de informação de um indivíduo modera a relação entre esperança e percepção de risco, na amostra estudada.  [CONCLUSÃO] Os achados desta pesquisa fornecem suporte à hipótese de que altos níveis de esperança e informação diminuem a percepção de risco do consumidor, tornando-o mais vulnerável. Considerando que a esperança e o processo de definição de metas podem ser influenciados pela publicidade, o estudo indica que esta situação pode levar ao consumo de produtos possivelmente nocivos e de eficácia duvidosa e incerta, já que os consumidores podem subestimar os riscos de contrair problemas de saúde de ordem física ou psicológica, ou acreditar que esses riscos valem a pena em prol da obtenção da meta estipulada. O estudo provê insights para a área de comportamento do consumidor e políticas públicas, já que a preocupação com transtornos alimentares e utilização de substâncias nocivas à saúde é crescente nos dias de hoje.

Departamento: 

MCD

Anexos: