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[INTRODUÇÃO] O Movimento Estudantil faz parte da história global. Não somente no Brasil, mobilizações de estudantes sempre se fizeram presentes em momentos políticos que exigiam resistência e reivindicação, assim como em diversos outros eventos importantes para a sociedade. O seu estudo, evidentemente, deve levar em conta toda a literatura e os paradigmas analíticos no campo de movimentos sociais, mas também a compreensão de que os interesses se reformam, assim como as demandas de diferentes indivíduos. Uma boa compreensão da mobilização de estudantes, portanto, leva em conta o curso natural da história, que é de transformações na realidade associativa e nas relações estabelecidas no campo. Neste sentido, o trabalho procura entender em quais organizações os estudantes empenham tempo e esforço na atualidade e o que isso diz sobre o Movimento Estudantil; mais do que isso, por que existem e o que fazem essas organizações nascidas a partir de mudanças ocasionadas pela globalização. [METODOLOGIA] Para possibilitar o entendimento das questões levantadas, foi realizado um estudo de caso na FGV-SP. A seleção dessa IES é consciente das limitações analíticas generalistas por ela provocada, mas parte do princípio de que essa é uma instituição relevante para o ensino superior brasileiro e historicamente influente no que tange a associação estudantil. O estudo se desenvolve com a exploração de dados secundários e a realização de entrevistas com membros e ex-membros do Diretório Acadêmico Getulio Vargas. [RESULTADOS] A seção de resultados explora características específicas de quatro grupos organizacionais presentes na FGV: Empresas Juniores, Ligas Universitárias, Cursinhos Populares e Incubadoras Tecnológicas. Identifica as principais intenções dos estudantes ao se associar a entidades de cada um dos grupos e levanta a quantidade média de horas de dedicação semanal para eles. Também relaciona a diversidade associativa à realidade do Movimento Estudantil, traçando paralelos e discutindo a problemática da transformação identitária e da individualização de interesses. O principal achado do trabalho reside justamente na constatação de que, na atualidade, estudantes buscam muito mais o seu aprimoramento pessoal e profissional do que a participação decisória ou o exercício da cidadania. As atividades extracurriculares no ensino superior parecem refletir uma busca pela hiperespecialização, assim como uma mercantilização das relações sociais. [CONCLUSÃO] Por fim, apesar das limitações trazidas pela realização de um estudo de caso em um trabalho que pretende falar sobre todo o Movimento Estudantil, parece possível inferir que a competitividade exacerbada e a fragmentação identitária são importantes desafios a serem enfrentados na atualidade. O imaginário dos estudantes parece bastante focado em questões menos ligadas ao exercício da cidadania via movimento social, o que pode levar ao desmembramento de um corpo coletivo anteriormente brilhante.