CURRENCY BOARD: IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS SOB A ÓTICA DO CASO ARGENTINO

Autor(es): 

Lívia Cristina da S. R. de Paiva - Orientador: Prof. Luiz Carlos Merege

Ano: 

2000

[INTRODUÇÃO] O regime de câmbio denominado currency board apresenta vantagens e desvantagens para o país que o adota, gerando diversos pontos de controvérsia no que concerne à viabilidade desse regime de câmbio. A análise desse regime num país que o tenha adotado contribuiria de forma elucidativa no citado debate. Desta maneira, a economia argentina tornou-se objeto central deste trabalho por fornecer os insumos necessários para a análise de um caso prático: as crises econômicas enfrentadas e os resultados econômicos e sociais alcançados, de maneira a avaliar se, de maneira predominante os impactos foram predominantemente positivos ou negativos. [METODOLOGIA] O trabalho se desenvolveu em duas partes: leitura e análise da teoria referente ao currency board ortodoxo e estudo do caso argentino desde a implantação do currency board em 1991, focando-se nos seguintes aspectos: balanço de pagamentos, taxa de juros, inflação, nível de risco apresentado pelo país, indicadores de desenvolvimento econômico e social e estabilidade da moeda. Para a realização desta pesquisa foi utilizada bibliografia da EAESP - FGV, da FEA-USP, da Unicamp e Internet; livros e papers que tratem do assunto em questão; revistas especializadas (Conjuntura Econômica, Novedades Econômicas, entre outras) ou que continham artigos relacionados ao objeto da pesquisa; notícias, artigos e trabalhos veiculados pela Internet e jornais. [RESULTADOS] As vantagens do currency board ortodoxo referem-se à credibilidade que gera ao sistema monetário, à maior disciplina que impõe aos gastos públicos, a convergência da inflação e das taxas de juros às apresentadas pelo país da moeda-lastro e a previsibilidade que fornece aos agentes econômicos. Por outro lado, implica no abandono da política monetária, impossibilita a atuação como emprestador de última instância, privilegiando os bancos internacionais, enfrenta problemas de sobrevalorização cambial, torna a economia vulnerável a ciclos extremos de booms e recessões e gera impactos negativos quando os países enfrentam ciclos econômicos diferentes e quando a taxa de câmbio entre a moeda-reserva e as demais moedas mudam. A economia argentina apresenta um modelo que não pode ser classificado como ortodoxo e assim essas vantagens e desvantagens não a afetam plenamente. A Argentina obteve como resultados a queda e estabilidade das taxas de inflação, a valorização da taxa de câmbio real, o fortalecimento das importações e o enfraquecimento das exportações, a maior dependência de capitais voláteis e especulativos, a vulnerabilidade frente às crises externas, o aumento do desemprego, da concentração de renda e da pobreza. [CONCLUSÃO] O currency board reduziu e estabilizou a inflação argentina, mas associado à abertura comercial, à mudança de preços relativos entre o dólar e as demais moedas e à sobrevalorização cambial gerou perda de competitividade, estimulou as importações e reprimiu as exportações, tornou-a mais dependente de capitais especulativos de curto prazo para financiar o saldo da conta corrente, tornou-a mais vulnerável à crises externas, gerou aumento do desemprego e piorou o quadro social do país. Além disso, a credibilidade que o currency board gera não protege a economia contra ataques especulativos e, frente a esses, o currency board limita a atuação da política monetária agravando ainda mais a situação. O mecanismo de ajuste automático da economia frente a choques externos pode implicar numa recessão muito grande, que é agravada pela rigidez dos preços e salários para baixo. Há que se considerar ainda todas as desvantagens associadas ao sistema de currency board. Conclui-se que o regime gerou, de maneira predominante, impactos negativos no desenvolvimento econômico argentino e de maneira indireta na consolidação do Mercosul.

Departamento: 

PAE

Anexos: