COPA DO MUNDO FIFA 2014 E SEGURANÇA PÚBLICA: JOGOS, PROTESTOS E VIOLÊNCIA

Autor(es): 

Etrus Delesposti Pedrosa Neto - Orientador: Prof. Gustavo Andrey de Almeida Lopes

Ano: 

2015

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] Este Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) teve como objetivo principal analisar se  o aparato de segurança do estado de São Paulo que atuou durante a Copa do Mundo FIFA 2014 agiu de maneira diferente, com os torcedores, da atuação percebida em protestos populares nas ruas e vias públicas da capital paulista, além disso, o trabalho também  analisou se o modo de agir da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) é moldado de acordo com o ambiente de atuação, com o público presente e com a relação dos cidadãos com o policial. Por fim, este PIBIC observou se a  PMESP é uma organização detentora de alguns estereótipos e preconceitos contra a população negra e/ou pobre e, também, contra manifestantes de ações populares. [METODOLOGIA] Os textos, analises, dados e conclusões utilizados neste relatório são provenientes de uma extensa base teórica além de diversas pesquisas presenciais. O pesquisador buscou uma análise qualitativa com priorização na abordagem de campo, ou seja,  os dados da pesquisa foram obtidos, por meio de entrevistas e questionários (esses que foram elaborados em conjunto com o orientador) e aplicados a alguns policias militares e pesquisadores da área de segurança. Além disso, foi utilizado o método de Etnografia, pois o pesquisador atuou como “Voluntário FIFA” durante os todos os seis jogos na Arena São Paulo, e também no acompanhamento dos protestos que ocorreram antes, durante e após a realização do Mundial. [RESULTADOS] Os principais resultados desta pesquisa que podem ser destacados são que os policiais entrevistados percebem que eles necessitam tomar atitudes diferentes em locais e contextos diversos, em outras palavras, realizar abordagens e ações mais hostis e agressivas em certos lugares e em conjunturas distintas. Isso ocorre devido ao fato do ambiente ser mais ou menos perigoso, ou porque é mais ou menos monitorado ou porque a população local é mais ou menos “civilizada”. Além disso, um outro resultado obtido foi a percepção de que a própria Instituição reflete os valores éticos da sociedade (essa que é violenta) e dos próprios policiais, o que pode explicar a ação mais “violenta” em determinados lugares e na relação com públicos específicos. Por fim, nem todos os policiais entrevistados conseguiram problematizar em suas falas o porquê dessas ações diferentes em contextos distintos. [CONCLUSÂO] O trabalho concluiu que os policiais atuam, como já dito, de forma diferente em contextos diversos e que isso não foi uma exclusividade da Copa do Mundo. Além disso, a pesquisa notou que a Instituição combate o criminoso e não o crime e isso apenas contribui para reforçar a tese de que esses profissionais possuem estereótipos contra camadas da população. Por fim, essa mesma Polícia Militar não “muda radicalmente” o pensamento dos seus servidores, como foi relatado por alguns dos entrevistados, mas sim, reforça o já caráter violento da sociedade e dos seus agentes por meio das reafirmações da cultura da violência, como se percebe no próprio logo da PMESP por meio das estrelas e, também, dos estereótipos.

Departamento: 

GEP

Anexos: