[INTRODUÇÃO] O trabalho teve como objetivo fazer uma análise conceitual das condições de sucesso e de fracasso de uma cooperativa de compras através da análise dos mecanismos de concorrência entre as empresas do varejo e sua interação com as indústrias de alimentos, uma vez que a cooperativa de compras altera o equilíbrio desses relacionamentos. Dentro do contexto conceitual construído, analisamos o projeto de cooperativa de compras desenvolvido pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (SINCOVAGA). [METODOLOGIA] A metodologia de trabalho envolveu pesquisa bibliográfica desenvolvida na biblioteca da EAESP/FGV. O trabalho também teve como base a experiência de estruturação da cooperativa de compras chamada SINDCO (Sistema de Desenvolvimento Comercial) promovida pelo SINCOVAGA. Para obtermos informações a respeito desse projeto, realizamos entrevistas com o Presidente do SINCOVAGA, Sr. Wilson Tanaka. [RESULTADOS] Através de pesquisa bibliográfica e entrevistas, pudemos compor um quadro geral de análise a partir do ponto de vista das relações competitivas entre os agentes econômicos em questão. Justificamos, através de simulações de estruturas de custos e de comportamentos competitivos, as possíveis reações de cada agente e os possíveis impasses e resultados dessa interação. [CONCLUSÃO] Delineamos as condições sob as quais uma cooperativa de compras poderia prosperar, indicando as práticas competitivas que deveriam e aquelas que não deveriam ser perseguidas. Sob esse ponto de vista, analisamos a reorientação a ser dada pelo SINCOVAGA ao Projeto SINDCO, uma vez que este não logrou êxito inicial, concluindo que o caminho mais adequado para se obter o sucesso do projeto seria trabalhar para reduzir os custos de distribuição da indústria e capturar parte dessa economia para ser investida na conscientização dos filiados ao sindicato a fim de promover uma organização que venha viabilizar a cooperação. O aspecto cooperação é o principal fator de sucesso de uma cooperativa de compras, uma vez que o fortalecimento do espírito cooperativo se traduz numa maior viscosidade/rigidez de demanda que permite à cooperativa obter maior poder de negociação com os fornecedores (indústria, distribuidores e atacadistas). O espírito cooperativista só pode ser construído e mantido caso a cooperativa atenda à dimensão econômica que, em última análise, é aquilo que sustenta a dimensão social do projeto cooperativista.