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[INTRODUÇÃO] De tempos em tempos, as organizações parecem padecer de um mesmo mal, sendo tomadas por febres gerenciais, que sugam todas as forças de seus hospedeiros enquanto da duração de seu ciclo de vida. Elas não apresentam as mesmas características e as denominações a elas dadas também variaram entre qualidade total, reengenharia, ISO, etc. Ultimamente, a mais recente febre, que vem atingindo todo o ambiente organizacional de modo avassalador, atende pelo nome de sistemas integrados de gestão -ERP (Enterprise Resource Planning). Teoricamente, ela agiria na organização infectada controlando e integrando todos os seus processos, acarretando rapidez na tomada de decisão, redução de custos e competitividade. Entretanto, ao penetrar no corpo organizacional, suas interações são difíceis de prever, uma vez que o corpo estranho pode ser "rejeitado" pela organização hospedeira. Quando isso ocorre, a organização deve dispor de energia adicional para que ela torne-se compatível ao ERP, fazendo com que cada célula, funcionário, órgão ou departamento aceite-o. Esse processo de aceitação pelo qual os indivíduos da organização devem passar é a problemática central do estudo, ou seja, a pesquisa pretende responder à seguinte questão: até que ponto a preocupação e eficiência da empresa em suavizar o delicado processo de aceitação do sistema e a resistência dos funcionários em torno do software, influenciará os resultados finais de implantação do ERP na organização? [METODOLOGIA] Para responder à questão levantada, a metodologia de investigação utilizada consistiu em estudo de casos comparativos, onde foram analisados os processos de implantações de quatro empresas. A ferramenta escolhida para a coleta de informações lançou mão de três tipos de roteiros de entrevistas (gerente de implantação, capacitador e usuário), visando colher perspectivas diferentes de como foi encaminhada cada implantação. Finalmente, para efeito de comparação das respostas obtidas, foram usadas variáveis, tais como: nível de incompatibilidade do ERP com a organização, nível de "adaptação da empresa ao software", nível de customização do sistema, entre outras. [RESULTADOS] À luz das variáveis propostas, os resultados encontrados nos mostram que ainda que as disparidades ocorridas durante os processos de implantações sejam sutis, elas fazem significativa diferença ao final do dia. Nenhuma das empresas analisadas faltou totalmente no tratamento à resistência ao sistema, da mesma forma, nenhuma delas desfigurou-se para suportar a implantação do "corpo estranho". Entretanto, comparativamente, as quatro empresas apresentaram resultados de implantações bastante diversos, mostrando-nos que particularidades e detalhes aparentemente irrelevantes fazem a diferença entre terminar a implementação como uma organização saudável e imunizada ou, simplesmente, como mais um debilitado paciente convalescente de uma febre gerencial. [CONCLUSÃO] Num ambiente organizacional exaurido depois de tantas tentativas frustradas de harmonizar sistemas de informação incompatíveis, a capacidade do ERP de agilizar decisões, reduzir custos e gerar aumento de lucratividade torna-o a iguaria tecnológica perfeita, pela qual os executivos vinham salivando a anos. Entretanto, não é sempre que o ERP agrada a todos os tipos de paladares, deixando, muitas vezes, apenas um gosto amargo na boca daqueles que não souberam digeri-la. O ERP oferece, sim, uma cartela bastante ampla de benefícios, no entanto os altos custos e a complexidade envolvida devem ser pesadas cuidadosamente na hora da decisão. De outro modo, o sonho de controlar a informação pode tornar-se o pesadelo de ser controlado pelo sistema.