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[INTRODUÇÃO] A teoria desenvolvimentista é um conjunto de estudos realizados ao longo do século XX por alguns acadêmicos heterodoxos, suas bases foram dadas por Celso Furtado e Raúl Prebisch quando estes criaram a teoria do subdesenvolvimento. O desenvolvimentismo é um contraponto muito importante a diversas teorias econômicas clássicas. Cada teoria possui uma forma de enxergar o desenvolvimento de uma economia, de um Estado. O embasamento que utilizaremos aqui é baseado nos trabalhos de Edmar Bacha, Celso Furtado e, principalmente, Luiz Carlos Bresser-Pereira, cuja teorização dos salários é amplamente influenciada por Arthur Lewis com sua teoria da oferta de mão de obra e pela teoria marxista de nível salarial de subsistência. Porém, além das questões da mão de obra e do nível de sobrevivência influenciarem muito a determinação dos salários, a separação da receita da indústria por componentes de gasto, ou seja, qual a parcela da receita que sobra para o pagamento dos salários após a separação dos lucros e dos investimentos é algo de extrema importância para entender o desenvolvimento do país. [METODOLOGIA] Para a realização desta pesquisa utilizamos uma base de dados construída ao longo do ano com informações coletadas dos Censos Industriais do IBGE desde a década de 1950 (PRI para os anos de 1952 a 1965 e PIA para os outros anos). Após esse momento de coleta agrupamos estes dados dentro das categorias definidas por Nelson Marconi (2012) nas classificações setoriais sugeridas: “Commodities primárias agrícolas e extrativas” (1); “Commodities industrializadas derivadas de commodities agrícolas e extrativas” (2); “Manufaturados de baixa e média-baixa tecnologia” (3); “Manufaturados de Média-Alta e alta tecnologia” (4), “Atividades relacionadas ao petróleo” (5) e, por fim, “Atividades Administrativas “(6). [RESULTADOS] Ao analisarmos os dados e comparar às teorias, podemos perceber que há uma coerência com diversos pontos do referencial literário: o desenvolvimento industrial em países subdesenvolvidos e, mais especificamente, neste caso, o Brasil se deu de uma forma muito incipiente, com uma elite sem projeto de nação e interesses patrióticos: a produção nacional era voltada para o consumo interno e subsistência de uma mão de obra industrial e para o sustento do padrão de consumo da elite industrial, sendo um ciclo vicioso que permaneceu durante muito tempo. [CONCLUSÃO] Não houve, no país, uma consolidação de um desenvolvimento tecnológico grande nas empresas capaz de gerar um crescimento exponencial dos salários, de acordo com uma produção mais otimizada e de grande margem. Muito pelo contrário: os salários, pela evidência empírica, se mantinham a taxas constantes de crescimento com uma produtividade que na maior parte do tempo se mantém constante ou apresenta quedas.