ANÁLISE DAS DIFICULDADES PARA COOPERATIVAS DE ARTESANATO EXPORTAREM

Autor(es): 

Marina Spinardi Silveira - Orientador: Prof. Ricardo Rocha Brito Bresler

Ano: 

2008

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O resultado exportador do Brasil nos mostra um desempenho abaixo das estatísticas globais. Em 2005 as exportações brasileiras corresponderam a apenas 1,13%do comércio mundial, embora a atuação seja baixa, o país teve épocas como no ano de 1998 em que sua participação era de 0,8%, o que nos evidencia importante melhora nesse quesito (CAIXETA; 2006). Esses dados apesar de aparentemente insatisfatórios podem representar a possibilidade de maior atuação do Brasil no setor das exportações. O mercado global corresponde a US$16 trilhões (CAIXETA; 2006), com isso podemos supor que existem inúmeras oportunidades do país vir a ser responsável por uma maior fatia deste faturamento, pois o país tem potencial à exportação, mas é necessário trabalhar na adequação do produto brasileiro ao mercado internacional, ou seja, na sua padronização como modelo de produto exportador, com todas as características exigidas e utilizando o marketing internacional para abordar os consumidores. [METODOLOGIA] Ao analisar tais dados expostos pela APEX-BRASIL (2006), podemos observar que houve avanço nas exportações brasileiras, contudo tal fato acompanha várias dificuldades que prejudicam a competitividade do produto no exterior, tais como, alta carga tributária, sobrevalorização do real e infra-estrutura deficiente. Além das barreiras técnicas à exportação, dificuldades relacionadas ao transporte, falta de comunicação e informação são as principais barreiras para o artesão exportar, além disso exportar é uma realidade na qual o artesão ainda não está inserido, ou então encontra-se em desenvolvendo, ou seja, a maioria dos artesãos não possuem cultura exportadora, não estão habituados a esse mercado e não são experientes em lidar com esse tipo de negócio. Com isso, disseminação da cultura exportadora dentre os artesãos é fundamental, para isso, a APEX-Brasil age com o intuito de promover a mudança da mentalidade brasileira, desta forma a agência prega alterações no jeito brasileiro de fazer negócios, pois “Conquistar e manter clientes no exterior não pode ser resultado de improvisos”. Então, é preciso ter estratégias, objetivos, conhecer o mercado a ser conquistado, adaptar-se às exigências do importador, e planejar a distribuição dos produtos para o exterior. Em suma, para artesãos fornecerem com êxito ao exterior é necessário compreender o hábito de compra de países, traçar o perfil do consumidor, e estar atualizado quanto às tendências de mercado, costumes locais, hábitos e diferenças culturais. [RESULTADOS] Cada país tem seus hábitos e costumes, por mais que haja semelhanças existem suas particularidades, por exemplo, o consumidor italiano é exigente e considera essencial a qualidade no produto, o francês valoriza o luxo e compara preço e qualidade no ato da compra, os árabes prezam o glamour acima de tudo, não prestam muita atenção no preço ao comprar, porém tem o hábito de pechinchar, o inglês age de modo diferente, ao achar o preço caro desiste da compra e não pechincha. É por este motivo que o artesão tem que ser flexível na produção, pois a diversificação do mercado é outro fator essencial para a venda no mercado internacional, e para ocorrer a diversificação é necessário atender as particularidades individuais (CAIXETA; 2006). Assim sendo, é imprescindível que o artesão busque destinos além daqueles tradicionais, segundo dados da Agência os destinos de exportação não-tradicionais estão evoluindo com o decorrer do tempo. Em 2003 havia no mundo 61 mercados não-tradicionais que absorviam exportações brasileiras superiores a US$100 milhões, já em 2005 havia 84 países. A participação dos destinos não-tradicionais nas vendas externas brasileiras apontou um aumento de 23,7% para 28,4%, equivalente a uma passagem de US$17,3 bilhões para US$33,5 bilhões. Além disso, é com a diversificação que o mercado consegue aumentar sua comercialização (MARKWALD; PEREIRA; PINHEIRO, 2002). Uma outra dificuldade encontrada por artesãos exportadores é a questão da pronta entrega. Artesãos não produzem em larga escala, com isso não é tão competitivo neste quesito, contudo é uma característica inerente do setor, então para ter um produto mais competitivo no mercado o artesão terá que tomar outras medidas a fim de agregar valor ao produto antes de exportar e gerar divisas para o Brasil. Observa-se na pesquisa um fato de fundamental importância, o produto artesanal brasileiro é bem aceito no mercado internacional, afinal, um exemplo disso é a atração que turistas têm pelos produtos artesanais, principalmente por aqueles tipicamente brasileiros, que representam a natureza e a biodiversidade dos trópicos, além da idéia da sustentabilidade. Outro fator positivo à demanda por produtos brasileiros, dentre eles o artesanato é a boa imagem do país. O Brasil está vinculado a temas como: futebol, carnaval, samba, praias, café, ecologia, sensualidade, etc. Ao apresentar produtos brasileiros ao exterior o consumidor estará mais suscetível à compra dada à imagem positiva que lhes remete o Brasil. Caso o produto esteja associado à natureza e ao desenvolvimento sustentável, a conquista do consumidor será mais provável ainda (SEBRAE; 2003). São essas as razões, vantagens e necessidades da exportação do artesanato ao exterior. [CONCLUSÃO] Com isso, pode-se afirmar que há provável aceitação do produto e potencial exportador do país, entretanto é preciso intermediários nas negociações entre artesão e importador, uma vez que, eles não dominam tais técnicas de negociação e sua função na cadeia é basicamente a produção. Além disso, a cultura exportadora tem que ser disseminada neste nicho de produtores que em grande quantidade são alheios ao assunto, é preciso superar a barreira que o transporte representa, conquistar modos mais eficazes de escoamento do produto (hidrovia ou ferrovia), conhecer as técnicas de exportação através de órgãos do governo, agregar valor ao produto artesanal para exportar, utilizar técnicas de produção e o design a seu favor, elaborar “sites” e catálogos para o consumidor ter melhor visualização do trabalho artesanal e participar de diversas feiras nacionais e internacionais a fim de expor os produtos.

Departamento: 

ADM

Anexos: