AIDS NA ORGANIZAÇÃO

Autor(es): 

Cristiano Andrade - Orientador: Prof. Miguel Abboud

Ano: 

1997

[INTRODUÇÃO] Após a crise do paradigma fordista com a adoção da produção flexível, a adoção de novas técnicas motivacionais tomou-se particularmente importante, como instrumento de melhoria de qualidade e produtividade das empresas. Neste cenário surge, a partir dos anos 80, uma nova problemática que afeta diretamente o desempenho de equipes de trabalho: a AIDS (Síndrome da Imuno-Deficiência Adquirida). A partir disto algumas empresas começaram a adotar medidas que minimizassem o efeito da doença no ambiente trabalho. Este trabalho buscou compreender como as empresas agem diante desta problemática, bem como os objetivos esperados e alcançados, dentro do ambiente empresarial brasileiro. [METODOLOGIA] Este trabalho foi iniciado através de uma revisão bibliográfica, principalmente de periódicos americanos (onde se fala mais da problemática da AIDS nas empresas). Após isto foram feitas entrevistas com administradores de Recursos Humanos de empresas que lidam com esta problemática no Brasil e com colaboradores de ONGs ligadas a AIDS. Em um último momento verificamos os resultados na mudança cultural (conhecimento e consciência dos riscos da AIDS) de empregados de uma das empresas estudadas, isto foi feito através de questionários fechados. [RESULTADOS] A revisão bibliográfica nos permitiu compreender como as empresas americanas encaram esta problemática estudada, demonstrando um alto grau de preocupação jurídica (característica com a história trabalhista americana), percebemos também que pouco se fala deste tema no Brasil entre administradores Esta revisão nos permitiu, também, criar algumas hipóteses de resultados esperados pelas empresas com políticas de Recursos Humanos específicas em relação à AIDS. As entrevistas com ONGs ligadas à AIDS (GAPA, APTA e Casa da AIDS) nos trouxe a visão de organizações muito ligadas às pessoas portadoras da síndrome. A visão destas ONGs ainda é muito assistencialista e crítica em relação aos programas adotados nas empresas. Pudemos observar que, em geral, as grandes empresas adotam atitudes de prevenção e ou tratamento da AIDS, porém de forma pouco planejada, acabando por surtir poucos resultados. As visitas às empresas mostraram diferentes realidades, pois as empresas estudadas adotaram programas de prevenção e tratamento da AIDS por razões diversas, em ambientes diversos, com ações e resultados diversos. Num primeiro caso estudamos um programa que muito se assemelhava a um Programa de Qualidade Total, com objetivos de manutenção de produtividade, prevenção da doença e diminuição do preconceito (que verificamos ser real). No segundo caso verificamos um programa bastante diferente, este era muito centralizado e menos transparente, visando primordialmente proteger os funcionários portadores da doença. O terceiro programa estudado buscava realmente os mesmos objetivos do primeiro, porém diferentemente do primeiro passava por dificuldades comuns às vistas em programas de qualidade total, como por exemplo falta de apoio da alta cúpula e falta de investimento em treinamento. [CONCLUSÃO] Assim, podemos concluir que a implantação de programas que visem mudança cultural (que é primordial para diminuição da disseminação da doença) deve ser muito parecida com programas de qualidade total, sendo uma política eficiente e eficaz em diversos sentidos, tanto no apoio ao funcionário soro-positivo quanto na manutenção e até aumento da produtividade, além de importante, mudança cultural. Outra constatação é a importância do planejamento na implantação de uma política de Recursos Humanos para AIDS, ainda mais importante que em programas de qualidade total devido à sensibilidade do tema.

Departamento: 

ADM