Universitários e os Riscos no Uso de Cartões de Crédito

Autor(es): 

Jill M. Norvilitis e Wesley Mendes da Silva

Ano: 

2013

Artigo em foco: Attitudes toward Credit and Finances among College Students in Brazil and the United States
 
Como estudantes universitários lidam com seus cartões de crédito? O estudo “Attitudes toward Credit and Finances among college students in Brazil and the United States”, dos pesquisadores Jill Norvilitis, da Buffalo State, uma universidade do Estado de New York, e Wesley Mendes da Silva, da FGV-EAESP, mostra diferenças notáveis entre os universitários brasileiros e os norte-americanos, no que diz respeito às dívidas adquiridas por meio de cartão de crédito.
 
Os estudantes norte-americanos são mais autoconfiantes financeiramente. Eles relatam estar mais confortáveis em relação ao dinheiro, mesmo que o contexto envolva dívidas. Mais tranquilos em relação a essa questão, os universitários norte-americanos conseguem, então, ter atitudes mais positivas quando falam de suas dívidas no cartão. Segundo a pesquisa, eles são mais seguros e propensos a acreditar que atrasos em pagamentos podem ser passageiros e pontuais, ainda que causem prejuízos.
 
Já entre o grupo de brasileiros, o que o estudo mostrou foi o oposto. Para eles, o bem-estar financeiro foi relacionado a menores níveis de empréstimos. Eles se sentem mais confiantes financeiramente à medida que suas dívidas diminuem ou deixam de existir.
 
 
Outro ponto díspar entre os dois grupos foi a maneira como cada um encara o momento em que se contrai uma dívida. Enquanto para o grupo de brasileiros os empréstimos são a última alternativa, para muitos jovens norte-americanos, as dívidas são inevitáveis e uma escolha necessária – o que não significa, é interessante notar, que eles estejam bem-informados sobre a decisão de tomar um empréstimo.
 
 
Em comum, o que se observou foi que, independentemente do ano letivo em que se encontram, os universitários mais velhos são mais tolerantes às dívidas do cartão e mais propensos a adquirir novos cartões de bandeiras ou instituições financeiras diferentes. Fatores educativos também são determinantes para a maneira como cada grupo enfrenta uma situação de dívida: quanto mais bem-informado o estudante está em relação aos seus débitos (juros pagos, prazo de vencimento), maiores são as chances de encarar a situação de uma maneira mais equilibrada.
 
No gerenciamento da crise financeira entre universitários norte-americanos e brasileiros, os pais parecem ter papel fundamental, principalmente para antecipar a dívida e para prever que a falta de pagamento aconteceria cedo ou tarde. Nesse sentido, os pais norte-americanos, mais otimistas do que os brasileiros, dão maior suporte a seus filhos. Os pesquisadores acreditam que muitos estudantes norte-americanos podem ter ficado mais confiantes de que superariam as dívidas depois de conversar com seus pais, que já haviam passado por várias crises financeiras.
 
Boa parte das diferenças entre norte-americanos e brasileiros deve-se ao histórico de cada país em relação à indústria do cartão de crédito. Enquanto no Brasil o setor disparou apenas entre os anos de 2004 e 2011, o que é um histórico bastante recente, nos Estados Unidos, essa é uma indústria consolidada, que já faz parte da vida das famílias há pelo menos três gerações.
 
O mercado de crédito para os estudantes vem crescendo rapidamente no Brasil. Já nos Estados Unidos, restrições legais foram impostas para tentar conter o agravamento da crise financeira no país, que teve um ápice em 2009, quando 84% dos estudantes universitários tinham pelo menos um cartão de crédito. Uma dessas restrições diz respeito à comprovação de renda, principalmente para quem tem menos de 21 anos.
 
Por fim, os pesquisadores destacam que pelo menos uma atitude é observada com frequência. Para os norte-americanos, o cartão de crédito é apenas um meio de pagamento. Para os brasileiros, muitas vezes, ele é considerado um símbolo de status, uma maneira de ter maior visibilidade e aceitação na sociedade.
 
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Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Wesley Mendes da Silva.