Uma Saída para Investir Quando Faltam Recursos

Autor(es): 

Guilherme Kirch, Jairo Laser Procianoy e Paulo Renato Soares Terra

Ano: 

2014

Pesquisa em foco: Restrições financeiras e a decisão de investimento das firmas brasileiras

A possibilidade de liquidar facilmente ativos pode servir como garantia para empresas com restrições de crédito conseguirem mais empréstimos para seus investimentos.

Objetivo: Verificar se o valor de liquidação dos ativos (isto é, o valor dos ativos nas mãos dos credores/investidores) amplia a capacidade de crédito de uma empresa e, dessa forma, estimula o investimento corporativo.

Raio X da pesquisa

• Coleta de dados de todas as empresas brasileiras de capital aberto com informações disponíveis na base de dados da Economática, entre os anos de 1996 e 2009.
• Eliminação de firmas muito pequenas, de incorporações e de dados estaticamente problemáticos, resultando em uma amostra de 342 empresas.
• Separação de empresas em dois grupos: empresas maiores (provavelmente sem restrições de crédito) e empresas menores (provavelmente restritas).
• Análise estatística.

Resultados

• As firmas maiores, em média, investem mais, geram maiores fluxos de caixa, possuem maior tangibilidade dos ativos, conseguem maior endividamento de longo prazo e em moeda estrangeira e pagam dividendos com mais frequência.
• As maiores companhias brasileiras de capital aberto comportam-se exatamente como prevê o modelo neoclássico, isto é, os investimentos dependem somente das oportunidades de investimento disponíveis, não sendo afetados pela disponibilidade de crédito.
• As menores companhias, no entanto, sofrem restrições de crédito, e seu investimento torna-se dependente da geração interna de caixa. Além disso, esse efeito é ampliado pela tangibilidade dos ativos, ou seja, pelas maiores garantias oferecidas aos credores com a possibilidade de liquidação dos ativos – o que é conhecido como “efeito multiplicador de crédito”.
• O “efeito multiplicador de crédito” é menor no Brasil do que o demonstrado em estudos para os Estados Unidos, pois no país é mais difícil para os credores tomar posse de garantias previamente acordadas no contrato de dívida.

O que há de novo

• Trata-se do primeiro estudo no Brasil mostrando que a possibilidade de credores liquidarem ativos faz com que eles deem mais empréstimos a empresas que enfrentam maiores restrições de crédito e, assim, permitem novos investimentos.
• Os resultados encontrados sugerem que mesmo companhias de capital aberto encontram dificuldades para obter capital, indicando que políticas que facilitem o acesso ao crédito corporativo podem ter efeitos substanciais sobre a renda nacional. Os resultados também sugerem que políticas que aumentem a eficiência dos processos de falência (aumentando o valor de liquidação dos ativos) podem ter efeitos positivos sobre a renda nacional.

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