A Relação entre os Sistemas de Incentivo e o Desempenho das Empresas

Autor(es): 

William Eid Jr. e Claudia Emiko Yoshinaga

Ano: 

2013

Artigo em foco: Sistemas de Incentivos Oferecidos aos Gestores e Desempenho das Empresas Brasileiras
 
A atividade dos executivos afeta diretamente o desempenho das empresas. As decisões tomadas por eles ditam os rumos dos negócios, determinando o retorno do capital investido. No entanto, nem sempre os gestores perseguem os objetivos que mais favorecem os acionistas. Isso pode acontecer tanto porque os executivos agem em benefício próprio quanto pela impossibilidade de sempre se tomarem decisões perfeitamente alinhadas aos objetivos dos acionistas ou proprietários.
 
As divergências de interesses entre gestores e acionistas, denominadas conflitos de agência, podem afetar funções essenciais das empresas. Os níveis de investimento ou de endividamento, a preferência ou a aversão ao risco, entre outras, podem comprometer o desempenho empresarial, gerando perdas para os proprietários.
 
Nesse contexto, diferentes iniciativas têm sido desenvolvidas para minimizar os problemas causados pelo conflito de agência. Entre elas, destacam-se os sistemas de incentivos oferecidos aos executivos, por meio dos quais a remuneração dos gestores é atrelada ao desempenho das empresas. Parte-se do pressuposto de que, para receber maiores salários, os gestores buscarão aumentar o desempenho empresarial, alinhando-se, assim, aos interesses dos acionistas.
 
Utilizando como amostra empresas listadas na BM&FBovespa, os professores da FGV-EAESP William Eid Jr. e Claudia Yoshinaga investigaram se realmente há relação positiva entre os incentivos oferecidos aos gestores e o desempenho das empresas. A amostra foi baseada nas empresas do IBrX, índice da BM&FBovespa que mede o retorno de uma carteira composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas, em termos de número de negócios e de volume financeiro.
 
As empresas que compõem o IBrX emitem anualmente relatórios exigidos pela BM&FBovespa. Com base nesses relatórios, os autores extraíram informações, relativas aos anos 2009 e 2012, sobre ganhos dos membros do conselho de administração, da diretoria executiva e do conselho fiscal, incluindo remuneração fixa (salário ou pró-labore, benefícios diretos e indiretos, participação em comitês etc.) e remuneração variável (bônus, participação nos resultados, participação em reuniões, comissões, pós-emprego etc.). Já as informações relacionadas ao desempenho das empresas foram extraídas do banco de dados da plataforma Bloomberg.
 
Os resultados indicam que há relação entre a remuneração variável oferecida aos administradores e o desempenho econômico das empresas. Na amostra estudada, quanto maior a remuneração variável, maior o lucro por ação, indicando que o incentivo concedido tem impacto positivo no desempenho empresarial. Outra questão considerada foi o tamanho das empresas analisadas (medido pelo total de ativos). Essa variável foi escolhida por influenciar as medidas contáveis de desempenho e, de acordo com estudos anteriores, ter um alto poder de explicação dos incentivos oferecidos e da remuneração dos executivos. No entanto, na análise realizada por William Eid Jr. e Claudia Yoshinaga, constatou-se que os incentivos nas empresas estudadas não são influenciados pelo tamanho das empresas.
 
Assim, observa-se que, independentemente do tamanho da empresa, os sistemas de incentivos podem ser uma relevante alternativa para promover o alinhamento dos interesses entre gestores e acionistas. A estrutura apropriada desses sistemas dependerá, em parte, das estratégias adotadas pelas empresas, podendo os incentivos financeiros, quando relacionados ao desempenho da empresa, levar os gestores a buscarem sua maximização.
 
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