Por que Empresas Aderem a Índices de Sustentabilidade

Autor(es): 

Renato J. Orsato, Alexandre Sanches, Wesley Mendes da Silva, Roberta Simonetti e Mario Monzoni

Ano: 

2013

Artigo em foco: Sustainability Indexes: Why Join In? A Study about the ‘ISE’ in Brazil
 
Criado em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi uma iniciativa pioneira na América Latina, voltada para a construção de uma carteira de ações de companhias comprometidas com a sustentabilidade. O ISE é composto de, no máximo, 40 companhias entre as 200 mais líquidas da BM&FBovespa. Entretanto, pesquisas mostram que participar do índice não acrescenta valor às ações das empresas e que o ISE não tem desempenho superior a outros índices do mercado financeiro, como o Ibovespa.
 
Foi essa a primeira descoberta do estudo “Sustainability indexes: why join in? A study about the ‘ISE’ in Brazil”, dos professores da FGV-EAESP Renato J. Orsato, Wesley Mendes da Silva e Mario Monzoni, em conjunto com o doutorando em Administração de Empresas Alexandre Sanches e a pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP Roberta Simonetti. Assim, surgiu a questão: por que, então, as empresas dedicam recursos para participar de índices de sustentabilidade como o ISE?
 
Para responder a essa pergunta, os autores realizaram entrevistas em três empresas, duas incluídas no ISE e uma que não aderiu ao índice. Em todos os casos, os entrevistados disseram que não há realmente influência da participação no ISE no valor de suas ações. Compor o ISE é, para as duas empresas que fazem parte do índice, consequência de um processo “natural” de incorporação de preocupações ambientais e sociais na estratégia de negócios.
 
Dessa forma, a decisão de participar do ISE não é uma tentativa isolada de aumentar o valor da empresa, e sim uma questão de coerência e alinhamento entre sustentabilidade e estratégia corporativa. São fatores intangíveis e indiretos da sustentabilidade que influenciam o desempenho do negócio.
 
As empresas que participam do ISE têm expectativa de ganho de prestígio e reputação, embora não consigam dimensionar o impacto. Em levantamento com 400 empresas globais, realizado em 2011, a consultoria GlobeScan constatou que 50% consideravam que aumentar a transparência do negócio é a atitude mais importante para ganhar confiança do público. Empresas comprometidas com a sociedade atraem mais atenção da mídia e do público e conseguem diferenciar-se mais facilmente.
 
Para os entrevistados, a sustentabilidade é considerada uma fonte de vantagem competitiva. Entretanto, fazer parte do ISE não traz benefícios. São várias ações agregadas, que podem reduzir os riscos, por exemplo, advindos de mudanças de legislação e de conflitos com a comunidade.
 
Outro aspecto relevante é que iniciativas como o ISE envolvem o compartilhamento de conhecimento sobre melhores práticas, códigos e sistemas de administração de questões ambientais e sociais. Isso permite a criação de um ambiente de aprendizagem entre os participantes.
 
Entre em contato com o professor Renato J. Orsato.
 
Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Renato J. Orsato.