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Artigo em foco: Fostering Linkages between Transnational Corporations and Small to Medium-Sized Enterprises in Brazil
Quando grandes companhias transnacionais entram em um país, a tendência é haver um impacto positivo sobre desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) locais. No entanto, uma multinacional pode ser atraída para uma economia em desenvolvimento por causa dos incentivos fiscais, menores custos do trabalho ou por conta do acesso mais fácil a recursos naturais. Se esta companhia importar mão de obra ou comprar de fornecedores de fora, sua contribuição será menor. Neste sentido, o governo pode ter um papel relevante para gerar vínculos de negócios entre as firmas de grande porte e as PMEs.
Diante do interesse crescente a respeito da relação entre desenvolvimento econômico e a capacidade das empresas em disseminar e absorver competências, os autores do artigo “Fostering Linkages between Transnational Corporations and Small to Medium-Sized Enterprises in Brazil” decidiram investigar o tema. O objetivo foi entender o papel das políticas publicas que promovam vínculos de negócios no Brasil.
Os vínculos de negócios podem ser horizontais, envolvendo concorrentes; colaborativos, com parceiros nacionais para fins estratégicos, tecnológicos ou gerenciais; ou verticais, com fornecedores, agentes ou clientes domésticos, incluindo licenciamentos e acordos de franquias. As filiais estrangeiras podem ajudar fornecedores e clientes nacionais a melhorar sua competitividade, elevando os padrões de qualidade de produção e de eficiência, assim como fornecer apoio e recursos para a aquisição de informações de mercado, gerenciamento de projetos, controle de qualidade e/ou treinamento. Estes vínculos verticais podem ser upstream (com fornecedores e subcontratados), que é discutida em profundidade pelo artigo; downstream (com clientes e agentes), ou pela natureza do contrato (franquias e licenciamentos).
O impacto de uma multinacional pode ocorrer de diversas formas, afetando o balanço de pagamentos, as taxas de investimento local e estoques de capital, o nível de emprego ou a competitividade de empresas locais. Por conta disso, os governos precisam implementar políticas para atrair empresas estrangeiras e também para maximizar os desdobramentos positivos de sua entrada no país.
Para promover os vínculos de negócios, os governos enfrentam alguns desafios, entre os quais o de incentivar a competitividade das firmas nacionais e gerar troca de informações. Deve ainda disseminar o conhecimento sobre as exigências de multinacionais para com as empresas domésticas.
No entanto, estas políticas são mais eficientes se forem adotadas ações para que as empresas locais estejam abertas para o relacionamento com as multinacionais. É importante que seja criado um ambiente de negócio no qual as relações entre as empresas são maximizadas por meio da criação e desenvolvimento de vínculos de negócios.
Para analisar os programas brasileiros que procuram fortalecer os vínculos de negócios, a pesquisa utiliza como referência o Projeto Vínculos e alguns dos principais programas de desenvolvimentos de fornecedores do país. O Projeto Vínculos foi escolhido porque é voltado para incentivar vínculos de negócios em regiões menos desenvolvidas do Brasil, principalmente Norte e Nordeste, além de fortalecer as PMEs por meio do aumento da capacidade produtiva local e da eficiência do setor empresarial doméstico. Já os programas de desenvolvimentos de fornecedores foram escolhidos porque seu principal objetivo é acelerar o crescimento regional com a participação de empresas locais a partir dos investimentos de grandes companhias, principalmente nos setores de indústrias de base, mineração, celulose e papel.
O Projeto Vínculos foi criado em 2004 e é composto por um comitê gestor voltado para articular companhias, associações e organizações capazes de gerar vínculos de negócios em uma região específica. O comitê é responsável pelas decisões estratégicas e orienta as ações do projeto. A gestão dos programas de desenvolvimentos de fornecedores fica a cargo de quem tomou a iniciativa de promover vínculos de negócios. No Maranhão, por exemplo, o governo estadual entrou em cena para aplicar a metodologia, enquanto no Pará, a iniciativa foi de uma multinacional.
A pesquisa utilizou como fonte entrevistas com agentes de diversas organizações, entre os quais representantes associações estaduais da indústria, do Projeto Vínculos (estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Amazonas e São Paulo), empresas de consultoria, representantes do governo estadual e federal, incluindo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, assim como APEX; gestores de corporações transnacionais e das PME, e da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Entre em contato com o professor Delane Botelho.
Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Delane Botelho.