O Sentimento do Investidor Aplicado à BM&FBOVESPA

Autor(es): 

Claudia Emiko Yoshinaga

Ano: 

2011

Artigo em foco: A Relação entre Sentimento do Mercado e as Taxas de Retorno das Ações: uma Análise com Dados em Painel
 
Com o pressuposto de que não há um padrão totalmente racional nas decisões dos investidores, o artigo “A relação entre sentimento do mercado e as taxas de retorno das ações: uma análise com dados em painel”, de Claudia Emiko Yoshinaga, propõe uma metodologia para construção de um índice de sentimento voltado para o mercado acionário brasileiro e procura confirmar se há relação entre o desempenho dos papéis das companhias listadas na bolsa e o sentimento de mercado verificado em período imediatamente anterior.
 
A conclusão de Yoshinaga é de que a relação entre o retorno dos ativos e o sentimento de mercado existe e é importante, contrapondo ao que preconiza a teoria clássica de finanças, que tem dificuldades crescentes em explicar fenômenos relacionados ao mercado financeiro. Segundo a autora: “os resultados indicam uma relação significativa e negativa entre o índice de sentimento do mercado e as taxas de retorno. Estes achados sugerem a existência de um padrão de reversão no retorno das ações, o que significa que após um período de sentimento positivo, o impacto sobre os retornos das ações subseqüentes é negativo e vice-versa”. Para Yoshinaga: “futuramente, outras formas de medir o sentimento do investidor também podem ser empregadas. Para estudos de apreçamento de ativos fica a sugestão de se incorporar uma nova variável, o sentimento do investidor”.
 
Após apresentar a metodologia e o resultado da construção do índice de sentimento econômico, o artigo verifica seu impacto no desempenho das ações. A pesquisa definiu uma amostra de empresas listadas na BM&FBOVESPA divididas em quintis, representando carteiras de ações, de acordo com algumas características das companhias: valor de mercado, o tempo em que estão listadas na bolsa e o nível de risco dos papéis. O índice de sentimento proposto por Yoshinaga foi aplicado com dados coletados entre 1999 e 2008, calculando o retorno médio de cada carteira por trimestre.
 
Para cada carteira, Yoshinaga calculou o retorno médio de acordo com o nível de sentimento do trimestre anterior. Segundo a autora: “após um período de sentimento positivo, ações que são atraentes para os otimistas e especuladores (ações de empresas jovens, menores e mais arriscadas) e menos atraentes para os arbitradores, apresentam retornos mais baixos. Por outro lado, após um período de sentimento negativo, este padrão atenua-se (para os fatores idade e valor de mercado) ou até mesmo sinaliza uma reversão (para o fator risco)”.
 
O estudo aplicou a ferramenta estatística ANOVA com duas variáveis, das quais o sentimento é o fator principal e uma das características da companhia (valor de mercado, risco ou idade) como fator de controle. Valor de mercado foi o único dos três fatores com interação estatística significante. Os tratamentos foram analisados separadamente e encontrou-se que, após um trimestre de sentimento positivo, as ações de baixo valor de mercado apresentaram retornos significativamente mais baixos que as demais combinações de fatores.
 
Já para o fator risco, apenas o sentimento foi significante, permitindo, de acordo com Yoshinaga “afirmar que após um período de sentimento negativo, as taxas de retorno são maiores que as verificadas após um período de sentimento positivo. As taxas de retorno das carteiras formadas por empresas de risco mais alto e mais baixo não são estatisticamente diferentes entre si”.
 
Em relação à idade (tempo de listagem na bolsa), a autora observou que, após um “período de sentimento negativo os retornos eram significativamente maiores do que após um período de sentimento positivo, e que as carteiras formadas por empresas mais antigas tiveram retornos significativamente superiores às carteiras formadas por empresas mais jovens”.
 
Yoshinaga ainda estimou um modelo de apreçamento, levando em conta sentimento de mercado, risco das empresas e outras variáveis como de mercado, alavancagem de mercado e oportunidade de crescimento. Os resultados comprovaram o papel relevante do índice de sentimento para o modelo. Para a autora: “a robustez deste resultado foi investigada estimando-se o modelo de diferentes maneiras, não sendo encontradas variações significativas”.
 
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Conheça as pesquisas realizadas pela professora Claudia Emiko Yoshinaga.